Produtores paranaenses já começaram a calcular os prejuízos por causa do frio intenso que atingiu maior parte do estado nesta terça-feira (23). Após quase quatro décadas, chegou a nevar em Curitiba e municípios como Ponta Grossa e Guarapuava, importantes polos produtivos para culturas de inverno.
Na propriedade de Cícero Lacerda, em Guarapuava, ao menos 660 hectares foram atingidos pela nevada. As perdas foram concentradas nas áreas de canola (170 hectares) e aveia (250 hectares). “Como não tinha previsão de geada na semana passada e a lavoura [de aveia] estava pronta para ser colhida, fiz o tratamento e acredito que perdi tudo”, afirma. A cultura serve como cobertura para proteger o solo da exposição às intempéries climáticas. O gasto do agricultor com o tratamento pré-colheita foi em torno de R$ 70 por hectare.
Com base nas informações dos funcionários da fazenda, Lacerda estima ainda que os 170 hectares plantados com canola também foram perdidos. “Ainda bem que nessa área eu fiz seguro, que deve cobrir ao menos os custos de produção, em torno de R$ 700 hectare”, revela. O produto seria vendido a indústrias de biodiesel da região, a preço de soja. Por causa do risco, os produtores do estado evitam fazer comercialização antecipada de produtos cultivados no inverno, amenizando eventuais prejuízos de quebra.
CuritibaEm Contenda, Região Metropolitana de Curitiba, os agricultores ainda não conseguiram mensurar os prejuízos provocados pela onda de frio. Os vegetais entregues hoje para a merenda escolar de diversas prefeituras, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), foram colhidos no final de semana.
“Vamos saber o reflexo [da baixa temperatura] a partir de hoje quando faremos nova colheita. Vamos ver se terá mercadoria para entregar”, afirma o presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais de Contenda (Cootenda), Marco Antônio Gonçalves. O município já teve o título de capital da batata e hoje cultiva diversos produtos.
“Se continuar só o frio não tem grande problema. Mas se gear, mata tudo. O pessoal é agricultor familiar e não tem estrutura para proteger as lavouras”, lamenta. A Cootenda tem 158 associados, sendo a horticultura a principal fonte de renda.
NoroesteNa região de Maringá (Noroeste do Paraná), a chuva intensa que atingiu a região no mês de junho e a massa de ar polar que chegou nesta semana têm afetado a olericultura – produção de hortaliças, frutas, tubérculos, raízes etc - e, se a previsão de geada para esta quarta-feira (24) se confirmar, os prejuízos serão ainda maiores, conforme levantamento do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater),
AlertaNo início da tarde desta terça-feira, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e o Instituto Simepar emitiram um alerta para ocorrência de geada em toda a região cafeeira do estado, que abrange Norte, Noroeste e Oeste, na próxima madrugada. O Iapar recomenda que os produtores de café façam o “chegamento” de terra ao tronco dos cafezais com idade entre 6 e 24 meses. “Essa proteção deve ser mantida até meados de setembro e, depois, retirada com as mãos”, diz um trecho do comunicado.
Para lavouras recém-implantadas, com até seis meses, o Iapar recomenda enterrar as mudas com uma camada de terra, e mantê-las assim até cessar o risco de geada.Já os viveiros devem ser protegidos com cobertura (vegetal ou plástico) ou com uso de aquecimento.
ParticipeMostre o impacto causado pelo clima às lavouras da sua região, enviando fotos, nome e informações gerais para agro@gazetadopovo.com.br ou expedicaosafra@gmail.comAs imagens serão selecionadas e publicadas tanto no site do Agronegócio Gazeta do Povo como na edição impressa do jornal.
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