É possível encontrar mercados para produtos de agricultura e peixes de Fukushima identificados como seguros para consumo humano? A cidade sofreu um acidente nuclear após um tsunami atingir o Japão em 2011 e, mesmo assim, a popularidade desses produtos está em crescimento, inclusive com o aumento das vendas online. Isso deve ajudar a diminuir receios sem fundamento sobre a radioatividade ainda mais rápido.
Em 2017, as exportações do agronegócio na cidade alcançaram 170 toneladas. O dado é ainda maior do que o volume exportado em 2010, antes do grande terremoto que atingiu a Costa Leste do Japão.
Muitos dos pedidos à prefeitura de Fukushima vêm do Sudeste Asiático, em busca de pêssegos maduros. Uma meticulosa estratégia de vendas - na qual o preço dessas frutas foi reduzido pela metade com a alteração das remessas a partir de navios com refrigeradores especiais - teve resultados positivos.
A Inglaterra passou a importar o “Ten no Tsubu”, uma marca de arroz cultivado em Fukushima. Os esforços da cooperativa agrícola locala, ao promover as vendas desse arroz, obteve sucesso rápido.
A recuperação dessas exportações funciona como uma forte mensagem aos mercados do Japão e do ‘além-mar’. Esse conhecimento de vendas poderia ser adotado para produtos de outras regiões.
Em julho de 2017, a prefeitura de Fukushima inaugurou uma loja online para vender produtos cultivados na cidade. As vendas alcançaram 1,4 bilhão de ienes (R$ 433 mil), mais do que o dobro da meta inicial. As encomendas de arroz partiram de Tóquio e cidades vizinhas.
Se o número de pessoas que curtem os produtos de Fukushima continuar em crescimento, a tendência é que as impressões erradas sobre esses itens seja rapidamente controlada e cada vez mais mercados ofereçam os produtos na prateleira. As expectativas é que seja alcançado um ciclo nesses pedidos.
Em muitos casos, contudo, o desconhecimento de algumas pessoas interrompeu esse fluxo de produção.
Crescimento e desinformação
Neste mês, uma remessa de peixes do tipo linguado, pescados na costa de Soma, em Fukushima, foi enviado para a Tailândia. Essa foi a primeira exportação de peixes frescos desde o desastre de 2011. Apesar disso, 11 restaurantes japoneses na Tailândia cancelaram suas ordens de pedido porque alguns grupos de consumidores locais protestaram contra o peixe.
Os níveis de radioatividade em produtos pescados de Fukushima está abaixo dos níveis de segurança estabelecidos em abril de 2015. Com isso, no mês seguinte, o governo tailandês retirou suas restrições quanto às exportações do produto de Fukushima. O problema é garantir que o consumidor entenda isso e sinta confiança para consumir o alimento.
Ao todo, 27 países impuseram restrições às importações de produtos de Fukushima. China, Hong Kong e Coreia do Sul - que antes eram grandes compradores de produtos japoneses - são algumas das nações que têm restrições rigorosas.
Agora, o governo busca acelerar as negociações para acabar com as restrições. Até mesmo no mercado doméstico do Japão há consumidores e lojas do varejo que evitam os produtos de Fukushima.
A agência de consumidores Consumer Affair Agency realizou uma pesquisa em janeiro e 18% das pessoas disseram que não compram produtos de Fukushima.
A prefeitura, por outro lado, realiza testes de radioatividade para verificar os níveis e manter os alimentos nos padrões internacionais. Outra pesquisa da mesma agencia revelou que 36% não sabiam que esses testes eram realizados - uma situação que não pode ser deixada de lado.
Até mesmo em Fukushima algumas lojas de varejo e outros comércios nos arredores da cidade hesitam em oferecer produtos locais, apenas para prevenir a chance dos consumidores apresentarem algum tipo de preocupação.
É essencial que o governo garanta informações para que cada vez mais pessoas tenham uma visão correta, e baseada em dados científicos.
Este texto foi publicado na edição de quinta-feira como editorial do jornal Yomiuri Shimbun