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Os mesmos programas governamentais que alavancaram a venda de tratores através da redução de juros fizeram o comércio desses tracionados estacionar no primeiro trimestre deste ano. De acordo com relatório mensal divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a entrega teve redução de 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Deixaram de ser vendidas 500 unidades de tratores de janeiro a março deste ano. Ao todo, foram vendidas 14,6 mil unidades em 2012, contra 15,1 registradas no ano passado. Para especialistas, o quadro é prova da saturação dos programas governamentais de facilitação de crédito para a compra de máquinas, um dos principais mecanismos utilizados pelos produtores.

O auge das vendas de máquinas agrícolas no país, de 2008 a 2010, coincidiu com o lançamento de dois programas governamentais: o Trator Solidário, do governo do Paraná, e o Mais Alimentos, projeto do governo Federal, mas que teve resultados mais expressivos nos estados do Sul. Historicamente, inclusive em função da sua vocação agrícola, a Região Sul representa cerca de 40% dos negócios relacionados a maquinário utilizado no campo. Os programas continuam ativos, mas com demanda reduzida.

"A região Sul vem numa fase de acomodação depois da explosão de vendas nos últimos anos. Esses fatores positivos e negativos se contrabalanceando geram a tendência de estabilidade em nível nacional. O Sul passa por um momento de saturação", diz o vice-presidente da Anfavea, Milton Rego.

Facilidade de crédito

O Trator Solidário foi implantado em outubro de 2007 pelo governo paranaense. Desde seu início até dezembro de 2010, quando foi encerrado, possibilitou o financiamento de 6.452 tratores no estado, renovando 22,9% da frota de tratores. Após um período de reformulação, com novos editais para empresas e agentes financiadores, o atual governo relançou o programa em julho do ano passado e financiou a compra de 420 tratores até o momento, enquanto outros 255 estão em fase de aprovação.

"Uma pergunta que precisa ser feita é se o programa já não chegou ao limite. Talvez não seja mais trator que o agricultor precise. Neste caso, deveria ser pensada uma linha de financiamento para outras máquinas", avalia Pedro Loyola, assessor técnico da Federação Estadual da Agricultura e Pecuária (Faep). Loyola também aponta os prejuízos com a estiagem e o fato dos produtores aguardarem as novidades do Plano Agrícola, que deve ser lançado em julho, como outras razões da estagnação do mercado de maquinário.

Paraná está em 3.º lugar no ranking nacional

No período de explosão de vendas do mercado de maquinário agrícola – entre 2008 e 2010 – o Paraná se firmou como o terceiro maior comprador brasileiro, ficando atrás de São Paulo e Rio Grande do Sul. Na inauguração dos planos governamentais de incentivo à compra de tratores e colheitadeiras, a Região Sul do Brasil teve acréscimo de 70% nas vendas, tendo a frota mais nova do país.

Os gaúchos praticamente triplicaram suas compras de 2007 a 2009 e assumiram a liderança nacional temporariamente. No ano seguinte, os paulistas recuperaram a ponta do ranking de compras de tratores e colheitadeiras ao comercializar 13 mil unidades, enquanto o estado gaúcho absorveu 12,2 mil dos negócios e o Paraná 9,5 mil. Além de grãos, São Paulo é responsável pela maior safra de cana-de-açúcar do país e tem se tornado referência na mecanização dos trabalhos nos canaviais. Até 2007, o Sudeste como um todo respondia por 45% dos negócios nacionais de maquinário agrícola.

Ao analisar o balanço de 2012, o vice-presidente da An­­favea, Milton Rego, explique que os números confirmam a expectativa de que "teremos um ano sem aumento nem decréscimo de vendas em relação ao ano passado".

Para o assessor técnico da Federação Estadual da Agricultura e Pecuária (Faep), Pedro Loyola, os próximos anos devem ser de um mercado estável, já que PR e RS, grandes financiadores, tiveram perdas significativas no verão. Ou seja, as o efeito da estiagem deve se refletir diretamente nos números de negócios envolvendo maquinários agrícolas. "É um efeito psicológico. O produtor quer se recompor antes de fazer novos investimentos em tecnologia", aponta.

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