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Agricultura

Projeções otimistas desvalorizam grãos

Soja ainda é a commodity mais rentável, na comparação com milho, trigo e feijão. | Christian Rizzi/ Gazeta Do Povo
Soja ainda é a commodity mais rentável, na comparação com milho, trigo e feijão. (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta Do Povo)

Diferentemente do que ocorreu no mês passado, a bateria de estimativas de safra divulgadas ontem por órgãos oficiais brasileiros e dos Estados Unidos – que confirmou potencial de produção de 90 milhões de toneladas de soja, 78,7 milhões de toneladas de milho e 5,3 milhões de toneladas para o trigo no Brasil durante a temporada 2013/14 – reabriu a tendência de baixa para as cotações dos três produtos. Após a divulgação dos números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e do Departamento de Agricultura norte-americano (Usda), os preços dos grãos passaram a trabalhar no vermelho na Bolsa de Chicago, espalhando desvalorizações no mercado internacional e também nas principais praças agrícolas nacionais. No Paraná, o preço médio da saca de 60 quilos de soja caiu 0,5%, o do milho 0,9% e o do trigo mais de 2%, conforme levantamento da Secretaria Estadual de Agricultura (Seab).

Analistas acreditam, no entanto, que a desvalorização dos grãos só deve se consolidar com a confirmação de uma grande safra na América do Sul e/ou com o cancelamento de contratos de exportação dos Estados Unidos. Diante do temor em relação à eficiência logística brasileira para entrega dos produtos nos portos, os importadores estão se antecipando como nunca este ano, comprando mais soja dos norte-americanos. Esse movimento, somado às perspectivas de aumento da demanda internacional, estão evitando maiores quedas nos preços. “A maior oferta aí [na América do Sul], por enquanto, esta só na estimativa. Ainda falta uma consolidação dos números. Quando isso ocorrer deve haver boa pressão de venda”, avalia o analista de mercado Stefan Tomkiw, vice-presidente de Futuros da Jefferies Bache, de Nova York. Para o curto prazo, contudo, a tendência é de firmeza nas cotações referentes à safra sul-americana, projeta Tomkiw.

Pesquisa realizada por agências internacionais na segunda-feira revelava que os investidores internacionais esperavam por um incremento na estimativa de produção de soja no Brasil e na Argentina. O potencial brasileiro foi mantido pelo Usda em 88 milhões de toneladas e o da Argentina elevado em 1 milhão de toneladas em relação ao mês anterior. Agora, a colheita da oleaginosa no país vizinho tende a atingir 54,5 milhões de toneladas. No Brasil, a Conab revisou a projeção para a soja, cravando em 90 milhões de toneladas. O número está em linha com o da Expedição Safra Gazeta do Povo, que trabalha com essa estimativa desde julho deste ano. Um novo indicador do projeto, que percorreu os principais estados produtores no plantio, será divulgado na próxima terça-feira no caderno Agronegócio. Ao todo, o Brasil tem potencial para retirar do campo mais de 195 milhões de toneladas de grãos, 4,8% mais do que no ciclo anterior, conforme a Conab. O IBGE aposta na manutenção da safra, estimada pelo órgão em 186,9 milhões de toneladas.Oferta maior não alivia situação da indústria de massasO aumento na estimativa da produção nacional de trigo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada ontem pela estatal trouxe alívio ao mercado do cereal, mas ainda não resolve o problema da indústria. Em outubro deste ano, o órgão calculava que a colheita do produto somaria 4,8 milhões de toneladas, cerca de 10% mais do que no ano anterior. Com a confirmação de uma safra cheia no Rio Grande do Sul, contudo, a expectativa de oferta no Brasil subiu para 5,3 milhões de toneladas, conforme relatório de ontem.

O resultado deste ano deu aos gaúchos a liderança na produção de trigo, com um salto de mais de 1,2 milhão de toneladas no ano – o estado deve retirar das lavouras mais de 3 milhões de toneladas do produto, contra 1,8 milhão de toneladas colhidas no ano passado. “Com essa oferta maior, diminuimos o problema do ano que vem, mas não o resolvemos. A dúvida do momento é sobre quanto a Argentina poderá exportar para o Brasil no próximo ano”, diz Marcelo Vosnik, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

O país vizinho, principal fornecedor brasileiro do cereal, sinaliza até o momento que terá 2,5 milhões de toneladas para enviar aos moinhos nacionais. A indústria afirma que precisa de ao menos 4 milhões de toneladas, para evitar maiores custos com importação do cereal norte-americano e isenção da Tarifa Externa Comum (TEC). “Se a Argentina exportar somente 2 milhões de toneladas, o Brasil teria que comprar 4 milhões dos Estados Unidos. A força do aumento de preço depende da Argentina”, afirma o executivo. Segundo Vosnik, a oferta maior no Brasil é suficiente para garantir abastecimento aos moinhos até março de 2014. (CR)

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