Depois de Mato Grosso do Sul, agricultores de Goiás anunciam prejuízos causados pelas chuvas de março às lavouras de soja. Levantamento divulgado pela federação estadual da agricultura, a Faeg, aponta quebra de 10% na safra da oleaginosa. A estimativa considera perdas físicas e de qualidade, que podem ser estendidas caso as precipitações continuem castigando o cinturão de produção de grãos goiano nas próximas semanas, observa o analista de mercado da instituição Pedro Arantes. Conforme a Faeg, 55% da soja foram colhidos, contra cerca de 70% nesta mesma época do ano passado. "A maior parte das lavouras que sobraram está pronta, mas os trabalhos têm evoluído lentamente nos últimos 15 a 20 dias. Com tanta chuva, muitos produtores não conseguem tirar as máquinas do galpão", relata.
Arantes explica que a condição dos campos é bastante diversa no estado e que, neste momento, a situação é mais crítica no Sudoeste, onde a colheita está em fase final. Essa região concentra perto de 60% das lavouras de soja do estado.
As atenções se voltam para a região central de Goiás, que tem metade da safra de soja para colher e recebeu, em março, 20% mais chuva que o esperado, conforme o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Cerca de um terço das lavouras de soja goianas ficam na região central.
Goiás previu aumento na produtividade de 2,98 mil para 3,18 mil quilos por hectare de soja. Segundo a Faeg, essa projeção terá de ser revista. "Acredito que a média deste ano vai ficar abaixo da obtida na safra passada", afirma Arantes.
Além das perdas em volume, com casos de quebra de 70% da lavoura, a qualidade da safra estaria muito comprometida. Os grãos estão saindo do campo com índices elevados de umidade. Há registros de 28%, sendo que o máximo admitido pela indústria são 18%. O índice de grãos ardidos e mofados também está muito acima do desejado, entre 18% e 19%, quando não deveria passar de 5%. Até o patamar mínimo, 5%, não há descontos. Quando a produção ultrapassa esse limite, o corte no pagamento ao produtor é completo, ou seja, de 18%, sem perdão de cinco pontos.