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Presidente da maior cooperativa agrícola da América Latina, a Coamo, Aroldo Galassini passou as últimas semanas conversando com os associados, espalhados pelo Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Foram 35 assembléias regionais, que lhe deram uma visão clara da safra 2008/09. Com sede em Campo Mourão (Centro-Oeste), a Coamo reflete essencialmente a realidade do Paraná e, na avaliação de Galassini, pode atingir renda próxima da de 2008. Ele considera, porém, que a quebra provocada pela seca foi seletiva e que os produtores afetados vão ficar realmente em situação ruim.

Qual sua avaliação da safra 2008/09 no Paraná?

Mais para o Sul e Centro-Sul, a perda na soja é zero e no milho chega a 15%. Do Centro para o Norte, houve quebra expressiva no milho, que atingiu um pouco também a soja. Na região de Campo Mourão (Centro-Oeste), a soja vai produzir 15% a menos, mas as perdas no milho chegam a 70% em algumas propriedades. Mais para o Oeste, é um desastre. Goioerê, Assis Chateaubriand, Cascavel, Toledo, Palotina tiveram a produção de milho e soja muito atingida pela seca. Mais ao Norte, a seca pegou quem plantou mais cedo. Em geral, tivemos uma perda grande, que está sendo compensada pelo preço da soja. O grande problema foi que o pessoal, no objetivo de plantar milho safrinha, antecipou o plantio da soja. Essa seca pegou em cheio a região do milho safrinha, quem plantou variedades precoces e muito cedo, até fora do zoneamento. Do lado de lavouras secas, quem plantou na época certa está com a lavoura bonita. Nós temos que trabalhar isso, para que os produtores respeitem a época certa de plantio. É preciso plantar a safra de verão na época, para pelo menos garantir uma lavoura, já que o milho safrinha vem depois e é sempre mais arriscado, rende a metade.

Como o senhor acha que vai ficar a situação financeira do produtor depois desta safra?

Nós vamos ter de tudo. No último ano, nós tivemos produtores que até ficaram bem capitalizados. Sobrou muita soja, muito milho para poupança, para vender depois. Mas agora, seguramente, vamos ver produtores em dificuldades. Quem fez seguro não vai ficar tão endividado, porque o financiamento do banco pode ser coberto. Quem não tem seguro vai ficar endividado, vai ter que pedir prorrogação para o governo.

Para as cooperativas, qual é a consequência disso? Como ficam investimentos e contas de 2009?

Nós temos uma previsão de recebimento menor de grãos em função da quebra, mas estamos buscando alternativas para atingirmos o mesmo faturamento de 2008. Como está havendo muito ingresso de novos cooperados, e casos de gente que ampliou o plantio, é possível atingir esse objetivo. Em relação aos nossos investimentos, a previsão feita em 2008 de R$ 180 milhões até 2010 está sendo cumprida. Tivemos um faturamento muito grande no último ano, de R$ 4,7 bilhões. O resultado vai ser mostrado agora dia 18 (amanhã) na assembléia geral, com uma boa sobra. Nós vamos distribuir aos nossos cooperados R$ 112 milhões.

Em relação à crise internacional, qual será o impacto para o agronegócio?

A previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos é de quebra na produção do Brasil e da Argentina, mas curiosamente a previsão de estoque de soja cresceu. Eles prevêem redução no consumo. Daqui a pouco podemos ver outros números. A crise ainda está por aí. A Coamo está se saindo bem diante da crise de crédito. Exportamos o equivalente a 40% do faturamento e não estamos tendo problemas neste sentido.

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