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Mesmo com quebra de 20% na safra, o produtor Márcio Alex, de Campo Magro, conseguiu colher 100 toneladas de cebola. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Mesmo com quebra de 20% na safra, o produtor Márcio Alex, de Campo Magro, conseguiu colher 100 toneladas de cebola.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Ser vegetariano ou manter uma dieta equilibrada está cada vez mais difícil, e não é por falta de vontade. Ao longo de 2015 e no começo deste ano, os consumidores assistiram uma disparada nos preços de algumas hortaliças. Em alguns casos, como do tomate, o preço médio do quilo em janeiro, R$ 6,79, ultrapassou o da carne de frango, R$ 6,16.

Escalada de preços não terminou

Quem sempre espera até a segunda-feira para começar a mudança dos hábitos alimentares vai precisar aguardar até abril para ver os preços das hortaliças voltarem ao normal. Segundo Erick de Brito Farias, gerente da Conab, o primeiro trimestre deste ano ainda será marcado pela baixa produção e oferta. “Diferente de outras culturas, as hortaliças dependem demais do clima, incidência de doenças e oscilação do custo de produção. Fica difícil fazer uma previsão detalha”, explica.

No entanto, de acordo com Farias, as projeções apontam para uma equalização no preço do tomate já no próximo mês e da cebola no segundo semestre. “O tomate está sendo colhido e deve entrar nas prateleiras em breve. Já a cebola vai continuar subindo, mas não expressivamente”, explica.

O agrônomo Iniberto Hamerschmidt diz que as escaladas de preços sempre recaem no consumidor, por isso é importante estar preparado. “Tem que ser esperto, substituir a hortaliça mais cara pela mais barata. Tentar comprar em feiras direto do produtor, em sacolões de preço único. Há como fugir dos preços altos, ou pelo menos amenizar o bolso”, diz.

Repolho, cebola, pepino e beterraba foram outras culturas que também deixaram de caber no prato para pesar no bolso. No Paraná, no ano passado, o preço desses produtos aumentou mais que 50%, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Confira quanto subiu o preço das hortaliças

Nos últimos meses, o chef Vladimir Scanavaca, dono do restaurante vegetariano Mahatma Gourmet, em Curitiba, viu o gasto mensal com hortaliças subir de R$ 4 mil para R$ 7 mil. Para não repassar a conta direto aos clientes, o chef adotou estratégias como usar mais produtos sazonais e reformular o cardápio. “Se antes tínhamos todos os pratos elaborados, hoje fazemos um porcentual de pratos mais simples para amenizar os preços”, diz. “Os preços estão absurdos, tudo subiu demais”, reclama.

Pouca produção

O aumento do custo de produção e a menor oferta de produtos, provocada por condições climáticas desfavoráveis, foram os principais responsáveis pela escalada de preços, segundo Erick de Brito Farias, gerente de Modernização do Mercado Hortigranjeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Quando tem chuva demais atrapalha. Quando não tem, também. Foi o cenário que tivemos tanto no plantio quanto na colheita de algumas culturas”, afirma.

O Paraná produz 2,9 milhões de toneladas de hortaliças convencionais ao ano, sendo 1,1 milhão (t) na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). As principais culturas do estado são batata (29% da produção), repolho (11%), tomate (9%), cenoura (5%), cebola (5%) e alface (4%).

Segundo o agrônomo Iniberto Hamerschmidt, coordenador estadual de Olericultura da Emater, a cebola, por exemplo, sofreu com as chuvas do plantio à colheita. “Nossa expectativa para safra de cebola era de 128 mil toneladas. Só foram colhidas 100 mil, uma quebra de 21%”, conta. “No caso do tomate e do repolho, o excesso de chuvas também foi fundamental para escassez dos produtos”, complementa.

O produtor José Alvino Ronkoski, de Campo Largo, na RMC, planta tomate, alface e repolho. Ele conta que as chuvas do fim do ano estragaram as plantações, e o que sobrou foi contaminado por doenças e pragas. “Tivemos que aumentar os gastos com insumos, cotados em dólar, para produzir pouco”, diz.

No entanto, quem conseguiu plantar e colher um bom produto não amargou prejuízos. Márcio Alex, produtor de cebola e outras hortifrutis em Campo Magro, também na Região Metropolitana, revela que teve uma perda de 20%, mas que conseguiu bons preços. “Se eu tivesse perdido a metade do que plantei, ainda teria lucro. Quem conseguiu um bom produto, vendeu bem”, afirma.

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