O otimismo que os produtores de tangerina do Paraná demonstram tem respaldo na redução dos pomares. Segundo avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), o corte das árvores comprometeu a produção brasileira dos próximos anos além do necessário para equilibrar oferta e procura. A tendência dos preços é de alta, diz a análise.
A produção paranaense caiu 35% e a paulista, 12% desde 2000, mostram números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O recuo passa de 150 mil toneladas, o que equivale a 70% da última colheita no Paraná. O estado continua em segundo lugar, produzindo cerca da metade do que é colhido em São Paulo.
Isso significa que quem recuperar sua produção primeiro deve conquistar maior espaço no mercado. O Cepea considera que os produtores também podem sair ganhando se ampliarem o prazo da colheita, que atualmente concentra a oferta entre maio e agosto. Para não deixar as frutas apodrecerem, o citricultor se obriga a aceitar cotações baixas nesse período. Uma caixa de 27 quilos de ponkan, vendida a R$ 39 em janeiro deste ano, custava apenas R$ 1,35 em junho de 2004.
O Cepea identificou uma série de razões para a redução na produção. Além da preocupação com doenças e dos preços baixos em anos produtivos, o setor compete com o aumento da oferta de laranja, que custa menos para a indústria de sucos. A valorização do real diante do dólar também é apontada como problema, por inibir as exportações da fruta, que caíram de 17,3 mil para 10,7 mil toneladas entre 2001 e 2005. (JR)