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A empresa que liderou a expansão vertiginosa do cultivo de soja na Argentina durante as duas últimas décadas reduziu discretamente a área que cultiva em mais da metade, com a inflação, as restrições ao comércio e os altos impostos drenando lucros dos produtores. Los Grobo, que já foi conhecido como "Rei da Soja" do país sul-americano, abdicou do trono em favor do que o presidente da companhia, Gustavo Grobocopatel, julga o futuro: a biotecnologia.

"A agricultura na Argentina é pouco rentável, ou não lucrativa, porque os custos subiram, os preços dos grãos caíram e a carga tributária é exorbitante", disse ele. "Tornou-se a agricultura de subsistência."

Entre os problemas dos agricultores argentinos estão inflação de dois dígitos, controles pesados do câmbio de moeda e de importação; um rigoroso sistema de cotas de exportação de milho e trigo; e um imposto de 35% sobre as exportações de soja.

Los Grobo reduziu sua área agrícola sob gestão para 50 mil hectares, de 120.000 hectares, há três anos. "A agricultura tornou-se uma parte menor do nosso negócio, enquanto os serviços e a parte industrial aumentaram", disse Grobocopatel. "Os produtores precisam de logística, financiamento, gestão de riscos e de transferência de tecnologia e know-how. Queremos ser uma loja integral."

Eleições

A esperança é alta entre os produtores de que a eleição presidencial de outubro dê início a mudanças na política agrícola. Se isso acontecer ou não, a Los Grobo avalia que os agricultores que permanecerem no jogo vão precisar de mais e melhor aconselhamento do que nunca.

"Estamos investindo muito em pesquisa e desenvolvimento", disse Grobocopatel. "Os avanços na tecnologia agrícola ao longo dos últimos 20 anos vão ser pequenos em comparação com o que está vindo ao longo dos próximos 10 anos." A Argentina permanece o terceiro exportador de soja e principal fornecedor mundial de farelo de soja.

"Por meio da biotecnologia, hoje você pode projetar plantas do jeito que você projeta objetos", disse Grobocopatel. Isso inclui a semeadura de precisão, que identifica quais são as necessidades da cultura por metro quadrado. "O que o microscópio fez para a medicina, isso vai fazer para a agricultura", disse Grobocopatel.

Os três candidatos que mais têm chance de ganhar a presidência em outubro -- o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, o governador provincial Daniel Scioli e o deputado Sergio Massa -- indicam propostas favoráveis ao setor. A presidente Cristina Fernandez, que entrou em confronto durante anos com os agricultores por conta de suas políticas, está impedida de concorrer a um terceiro mandato consecutivo.

Grobocopatel disse que mudanças simples nas políticas fiscais e de comércio poderiam ajudar a Argentina a aumentar a produção de grãos de 100 milhões de toneladas atualmente para 160 milhões ao longo de três ou quatro anos.

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