O relatório mensal de oferta e demanda mundial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado ontem, trouxe dados que deveriam derrubar as cotações no mercado de grãos. "Internamente, as perspectivas para o milho são negativas. Para a soja, o tom é levemente positivo devido ao aumento das estimativas para as exportações e o esmagamento nos EUA. Externamente, os números de safra de Brasil e Argentina estão à frente de si mesmos. A notícia é de baixa, mas não deve tirar a sustentação dos preços da soja", considera Matt Pierce, operador de mercado da Bolsa de Chicago junto à Futures International LLC.
Jason Ward, consultor de investimento da Northstar Commodity Investment Services, concorda com a avaliação. Ele acrescenta que a redução promovida pelo USDA nos números de produção de milho dos EUA ficou em linha com a expectativa do mercado, mas que ninguém esperava um corte tão grande na estimativa de exportação. Traders aguardavam um recuo de 1,3 milhão de toneladas. O USDA diminuiu em 2,5 milhões de toneladas a sua projeção para as vendas externas de milho norte-americanas, relata.
O USDA calculou a safra norte-americana de milho em 333,5 milhões de toneladas, acima da expectativa dos traders (332,3 milhões de toneladas), mas abaixo da projeção de fevereiro (334 milhões de toneladas). A produtividade média foi reajustada de 10,37 para 10,35 mil quilos por hectare. O mercado esperava 10,33 mil quilos por hectare.
A estimativa para a produção de soja dos EUA também foi revista para baixo. Passou de 91,47 milhões de toneladas no mês passado para 91,42 milhões. Ainda assim, o número ficou acima da expectativa do mercado, de 91,17 milhões de toneladas. A projeção de rendimento médio ficou inalterada em 2,96 mil quilos por hectare, contra expectativa de 2,95 mil quilos.
Os estoques finais de soja dos Estados Unidos ficaram abaixo do que o mercado esperava. Passaram de 5,7 milhões em fevereiro para 5,2 milhões de toneladas, contra expectativa de 5,3 milhões. No caso do milho, os estoques cresceram de 45,66 milhões de toneladas no relatório anterior para 45,69 milhões. O mercado esperava 45,59 milhões de toneladas.
O USDA aumentou a sua estimativa para a safra brasileira de soja em 1 milhão de toneladas, para 67 milhões, mas manteve inalterada em 53 milhões de toneladas a produção argentina e em 14,5 milhões a safra da China. Com isso, a projeção para os estoques mundias de soja cresceu de 59,73 milhões no mês passado para 60,67 milhões de toneladas no relatório de ontem.
Os estoques mundiais de milho ficaram 6 milhões de toneladas acima do esperado, observa Ward. "O relatório de ontem deu uma folga para o mercado do cereal resistir a algum problema climático nos próximos meses. Para alcançar a meta anterior do USDA, os EUA precisariam exportar 725 mil toneladas de milho por semana. Com o reajuste, esse número caiu para 625 mil", calcula. "O temor é quanto à qualidade da safra norte-americana de milho", completa.
"Melhorar as margens da indústria de etanol é fundamental para evitar pressão sobre os preços do milho. Exportando menos, o consumo interno precisa aumentar nos EUA. Acredito que veremos isso nos próximos relatórios, pois a indústria de carnes está demandando mais milho", avalia Ward.
Ward ressalta que apesar de o USDA ter reduzido a safra norte-americana de soja no relatório de ontem, as projeções de exportação e esmagamento foram reajustadas para cima, o que é positivo para os preços. "Considerando a estimativa do mês passado, os EUA precisariam exportar cerca de 90 mil toneladas de soja por semana para alcançar a meta do USDA. Com a revisão dos números, agora são necessárias 106 mil toneladas semanais. Não me parece uma meta difícil de cumprir, mesmo considerando a competição da América do Sul, que está colhendo uma grande safra", acredita.
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