O mote das discussões que estruturaram a Sociedade Rural do Paraná (SRP), na década de 60, foi a diversificação da atividade rural. A entidade defendia os interesses da cafeicultura e, antevendo o declínio do setor, demarcou o caminho da pecuária nos debates que ocorriam em sua sede, em Londrina. Agora, meio século depois, sob predomínio da produção de grãos, a 50ª edição da ExpoLondrina, organizada pela SRP, restabelece essa direção, com um leque bem maior de alternativas em pauta. As discussões da feira, que vão de hoje a 11 de abril, abrangem ovinocultura, produção agroflorestal, pecuária de carne e leite, cultivo de grãos e, é claro, cafeicultura. Os organizadores estabeleceram como meta atingir números acima dos alcançados em 2009 458 mil visitas e R$ 187 milhões. Não foram fixados porcentuais de avanço, apesar de as perspectivas da safra agrícola atual serem bem melhores que as de um ano atrás. "Tivemos um crescimento muito consistente três anos seguidos", argumenta o presidente da SRP, Alexandre Kireeff. Em sua avaliação, o momento do setor, com a previsão de recorde na soja mas cotações em queda, vai determinar os novos índices.
Ele relata esforço concentrado em se estabelecer debates para orientar o produtor rural, com o objetivo de permitir que, "mesmo em anos de crise, haja boas produções na pecuária e na agricultura". Além de discussões técnicas, a preocupação é oferecer informações políticas e de mercado, para embasar avaliações de médio prazo. Sob o tema "Passado, Presente e Futuro", as discussões da Expolondrina devem envolver 10 mil produtores. Há programação específica para jovens e mulheres rurais, experiência lançada ano passado.
Soluções para os gargalos logísticos que afetam pequenas e grandes agroindústrias são consideradas, durante a feira, estratégias para o aumento das exportações. A expansão dos embarques de produtos com valor agregado se tornou uma das principais bandeiras da SRP.
Debates à parte, os expositores apostam alto no evento enquanto um centro de negócios. Todos os espaços da maior feira agropecuária do Paraná, que lota os 40 hectares do Parque Ney Braga, foram negociados há dois meses. De janeiro para cá, houve apenas finalização de contratos, conforme a Sociedade Rural. "Devíamos ter avançado sobre parte da área de estacionamento, o que poderemos fazer ano que vem", afirma Kireeff. A própria estruturação das agroindústrias vem contribuindo para a ampliação da demanda por vitrines na Expolondrina.
A disponibilidade de recursos para negócios cresceu substancialmente neste ano. O Banco do Brasil e o Sicredi devem oferecer R$ 155 milhões para investimentos em máquinas, equipamentos e animais. A cifra é duas vezes maior que a anunciada em 2009. Esse orçamento não inclui o crédito aberto pelas próprias distribuidoras de máquinas nem a venda de carros, que também tem se mostrado crescente. A ampliação e a diversificação dos negócios vem fazendo com que os leilões de animais tenham participação cada vez menor na movimentação financeira. Na feira de 2009, representaram 10% dos negócios. Este ano, foram marcados 29 leilões, que fazer girar cerca de R$ 20 milhões.