O setor de carnes volta sua atenção nesta semana para Paris. De amanhã até sexta-feira, o grupo que discute a saúde animal na Organização Internacional de Epizootias (OIE) pode devolver ao Paraná o status de área livre da aftosa com vacinação. O estado espera recuperar e ampliar as vendas ao exterior e superar a crise aberta pela ocorrência da doença em Mato Grosso do Sul em outubro de 2005.

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Quando a aftosa atingiu o Brasil, há 22 meses, a OIE declarou a maior parte do país como área de risco. Além do Paraná, dez estados e o Distrito Federal foram rebaixados.

Em maio deste ano, no entanto, três meses antes da ocorrência de aftosa no sul da Inglaterra, as regras mudaram, tornando as avaliações mais localizadas. Em três semanas, os embargos aos criadores ingleses foram suspensos pela União Européia. Só as áreas a menos de dez quilômetros dos focos confirmados permanecem isoladas.

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Se ocorresse novo foco de febre aftosa no Brasil, a reação internacional seria diferente da adotada em 2005, avalia o analista econômico do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarnes-PR) Gustavo Fanaya. "Só a região onde ocorre a doença deve ser embargada." No entanto, não há garantia que o rigor adotado na Inglaterra seja o mesmo diante de futuras ocorrências em outros continentes. Isso porque, os embargos seguem não só as avaliações da OIE, mas também critérios unilaterais.

A queda nas exportações de carne bovina registrada no Paraná desde 2005 equivale a US$ 650 milhões, segundo o Sindicarnes. A situação só não foi pior porque outros estados ampliaram as exportações. As vendas nacionais ao exterior aumentaram de 673 mil para 877 mil toneladas, na comparação entre o primeiro semestre de 2005 e o de 2007. A participação do Paraná nas exportações, no entanto, caiu de 3,4% para 0,6%, de 23 mil para apenas 5 mil toneladas.

Depois da ocorrência de aftosa, o estado vacinou quatro vezes o gado. Todas as campanhas atingiram mais de 95% do rebanho de aproximadamente 10 milhões de cabeças. Antes mesmo de recuperar o status de área livre da doença com vacinação, o setor produtivo já tenta restabelecer contatos com importadores europeus, segundo o Sindicarnes. "A recuperação do status de área livre é decisiva nesse processo", diz Fanaya.