Variedades de sementes que carregam a tecnologia RR1 não têm mais custo do royalty.| Foto:

A necessidade de reduzir os custos de produção da próxima temporada de verão, pressionados pelas altas dos juros e das tarifas como energia elétrica, diesel e pedágio, coloca o royalty da cultivar de soja Intacta RR2 na mira do setor. A tecnologia irá ocupar boa parte das lavouras do país daqui três meses, quando começa o plantio, pesando significativamente no bolso do produtor. Ainda não existe projeção do avanço. Na safra 2014/15, 55 mil agricultores brasileiros utilizaram a tecnologia, contra 13 mil na anterior, crescimento de 423%.

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Por conta do peso dos royalties, entidades do setor iniciaram articulações para pressionar a Monsanto, detentora da tecnologia, a reduzir o valor. Ainda não é oficial, mas a multinacional deve aplicar um reajuste nos R$ 115 por hectare. Na temporada passada, os royalties “consumiam” 2 sc/ha de plantio, perto de 4% da produção.

A primeira a levantar a bandeira pedindo a revisão dos royalties, com redução de preço, foi a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro), na semana passada. A entidade reconhece que a Monsanto precisa lucrar com a tecnologia, mas com valores acessíveis, incentivando mais produtores a pagarem pelo uso.

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“O produtor no Rio Grande do Sul está com uma aceitação boa [da Intacta RR2], mas está muito caro o uso. Imposto alto é um atrativo para sonegação, com o royalty é a mesma coisa. A redução do valor faria com que uma parcela maior usasse a tecnologia e, consequentemente, a Monsanto receberia mais”, defende Paulo Pires, presidente da FecoAgro. Uma reunião entre as partes está marcada para esta semana.

No Paraná, o braço estadual da Aprosoja inicia conversas com a multinacional que vão além do valor. A forma de cobrança também desagrada o setor produtivo. “Não aceitamos a cobrança na moega. A empresa ficar com 7,5% da produção é inadmissível. Os royalties e a forma oneram muito a produção”, enfatiza o presidente da Aprosoja Paraná, José Eduardo Sismeiro. “Nas nossas contas, em dois anos de royalties a empresa tem retorno do investimento na tecnologia.”

Matemática

Enquanto não existe uma definição sobre o assunto, Sismeiro orienta que os produtores façam os cálculos para saber a viabilidade financeira de utilizar a tecnologia. “Instruímos o pessoal a colocar no papel os custos da soja Intacta RR2 e a comparar os gastos sem a tecnologia, usando inseticida para defesa das plantas. Existem outras variedades tão produtivas quanto a Intacta”, afirma.

No campo, o valor do royalty traz preocupação para quem já começou o planejamento de verão. De acordo com o produtor Nelson Paludo, de Toledo, na região Oeste do Paraná, muitos colegas irão reduzir a área com a soja Intacta RR2 por causa do valor da semente. “Outras variedades não têm royalty. Isso alivia um pouco o custo de produção”, ressalta Paludo, que planeja dedicar 270 hectares a soja no verão.

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Procurada pela reportagem, a Monsanto somente irá falar sobre valores, projeções e análises após repassar os dados aos investidores.

4% do volume de soja produzido em um hectare (ou 1 sc/ha) podem ser gastos no pagamento pelo uso da tecnologia que torna a cultura tolerante a herbicida e resistente a insetos. Custo é considerado alto pelos produtores.