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O aumento da produção de grãos e o crescimento das vendas antecipadas de soja devem fazer com que a safra 2010/11 sobrecarregue o sistema de transporte, lotando as rodovias entre fevereiro e março. Os preços em alta também contribuem para que a produção fique menos tempo nos armazéns e siga direto para as estradas.

O fluxo de veículos pesados tende a aumentar 22% no pico da safra, estima a concessionária Rodonorte, que administra o entroncamento rodoviário de Ponta Grossa, por onde passa a maior parte da produção exportada. Em meses de entressafra, circulam ao menos 8 mil caminhões e ônibus por dia.

O setor de transporte prevê aumento no preço do frete sobre os preços de pico registrados na colheita passada, quando o serviço passou de R$ 90 por tonelada do Oeste do estado até o Porto de Paranaguá. Para o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Paraná (Setcepar), o reajuste deve ser de 5% a 10%. O diretor da entidade em Palotina, Laudio Luiz Soder, frisa que a alta tem dias contados: deve vigorar "somente no período da colheita".

Em relação à estrutura de armazenagem, a situação atual é mais confortável do que a do ano passado, quando as cooperativas e produtores de todo o país tiveram de usar silos-bolsas e até pátios abertos para estocar soja e milho. Isso porque os estoques são menores. O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que os estoques do cereal caíram de 11,1 milhões de toneladas para 9,6 milhões de toneladas neste ano. Já os armazéns com trigo praticamente mantiveram o volume estocado em 2,4 milhões de toneladas, enquanto os estoques de soja cresceram ligeiramente de 3,5 para 3,7 milhões de toneladas. Essa redução é atribuída ao maior consumo interno e especialmente às exportações.

A agricultura deve usar menos seus escassos armazéns. O produtor aproveitou a margem positiva dos preços para vender, inclusive ao mercado externo. As consultorias que monitoram fechamento de negócios indicam que mais de um terço da safra de soja foi vendido antecipadamente, entre 10 e 20 pontos porcentuais a mais do que a média dos últimos anos. A entrega da maior parte desses grãos deve ocorrer entre abril e maio, afirma Robson Mafioletti, assessor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

O comportamento do mercado indica que as cotações das commodities vão se manter fortalecidas até julho, quando os Estados Unidos terão informações mais precisas sobre sua safra 2011/12. Esse quadro tende a manter o sistema de escoamento do Paraná em atividade.

E não há dúvida de que haverá muito grão para transporte. "A safra do Paraná está garantida. O risco do La Niña pode ser descartado", avalia Eugênio Stefanelo, técnico da Conab. O produtor pode evitar problemas fazendo a comercialização em lotes, sugere.

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