Que o Brasil plantou a maior safra de soja da história e deve colher uma produção de mais de 90 milhões de toneladas, o mercado vem cogitando há meses. Mas um quadro de oferta capaz de forrar os armazéns e arrefecer os preços, desenhado pelo levantamento que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ontem, passa a preocupar o agronegócio. Ainda com a colheita de verão no início, o setor teme perda de viabilidade, principalmente para o milho de inverno, que começa a ser plantado em janeiro.

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O crescimento da colheita (15 grãos) foi elevado de 9 para 9,8 milhões de toneladas, na comparação com o levantamento de dezembro. O país deve colher 196,67 milhões de toneladas, com avanço de 5,2% sobre o recorde de 2012/13, aponta o documento da Conab. Isso porque está plantando mais. A área cultivada teve incremento de 2,1 milhões de hectares (4%) – 1,8 milhão para a soja, que chega a 29,6 milhões de hectares (53% da área total).

Mas nem tudo vai tão bem, informam os produtores. Na própria soja, que se mantém rentável com preços sustentados pelo mercado internacional, há regiões em apuros. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) divulgou ontem levantamento em que prevê perda de 10% da produção (que a Conab estima em 9,5 milhões de toneladas no estado) por estiagem e ataques da lagarta Helicoverpa armigera.

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Os relatos de perdas ocorrem também no Paraná. As estiagens castigaram as lavouras na segunda metade de dezembro e ainda não teriam sido projetadas. As perdas chegam a 25% em áreas que poderiam dar 65 sacas e estão rendendo 45, afirma o produtor Ademir Paludo, que está colhendo em Palotina (Oeste do Paraná).

Pelo levantamento da Conab, o país deverá recompor estoques. As “sobras” de milho – que passaram da casa de 5 milhões para o patamar de 9 milhões de toneladas no último ano – devem chegar a 16 milhões de toneladas. O estoque final de soja, que ficou abaixo de 1 milhão de toneladas por duas safras seguidas, deve chegar a 5,6 milhões de toneladas em 2013/14.

Milho e soja crescem em todas as regiões. A alteração mais drástica na produção continua sendo a do trigo, conforme a Conab. O Paraná, tradicional líder no cereal, reduziu área e teve geada na hora errada. Produziu 33% da safra de 5,5 milhões de toneladas, enquanto o Rio Grande do Sul alcançou 58% e fez a safra nacional crescer 25%.