O Paraná tem tudo para recuperar a primeira colocação no ranking de principal produtor de milho safrinha do Brasil. Em virtude da combinação de aumento do plantio com um pequeno incremento nos índices de produtividade, a segunda safra de milho do estado deve chegar a 5,1 milhões de toneladas, segundo estimativa da AgRural, divulgada na última sexta-feira. Se confirmada, a safrinha 2006/07 só vai ficar atrás da produção do ciclo 2002/03, quando os produtores paranaenses colheram 5,51 milhões de toneladas, de acordo com a série histórica da Conab.
No ano passado, ainda segundo os números da Conab, o Paraná colheu 3,41 milhões de toneladas na safrinha, volume que colocou o estado, pelo segundo ano consecutivo, atrás do Mato Grosso na produção da segunda safra de milho. Para chegar lá, contudo, as lavouras paranaenses ainda têm de passar por muitos obstáculos, sendo o clima o principal deles. Além da ameaça sempre presente das geadas nos meses de inverno, os produtores já começam a se preocupar com as previsões sobre a ocorrência do La Niña, que costuma se traduzir em falta de chuvas e temperaturas mais baixas no desenvolvimento das plantas.
Por enquanto, as lavouras vão bem. O mês de março foi meio seco, mas, graças às chuvas que atingiram as principais regiões do Paraná em duas oportunidades nos últimos 15 dias, a estimativa média de produtividade do Departamento de Economia Rural (Deral) continua em 68,8 sacas/ha, rendimento pouco superior ao projetado pela AgRural (65 sacas/ha) e ao obtido no ano passado (63,2 sacas).
O salto na produtividade não foi muito grande, mas os custos de produção mais baixos e os preços do milho mais altos vão resultar num crescimento de 457% na rentabilidade da segunda safra. No ano passado, o custo médio de produção da safrinha foi de R$ 12,30/saca, de acordo com dados do Deral. Graças à recuperação dos preços a partir de setembro de 2006, o valor médio recebido pelo produtor paranaense ficou em R$ 13,50 por saca, considerando o período de julho a dezembro, quando boa parte da safrinha é comercializada. O resultado foi um lucro de R$ 1,19 por saca ou R$ 75,01 por hectare, quase nada para quem já vinha endividado.
Usando a atual estimativa de produtividade do Deral para a safrinha 2006/07, o custo médio de produção cai para R$ 8,92/saca. Se os preços do milho girarem em torno de R$ 15,00, a rentabilidade vai ficar em R$ 6,08 por saca ou R$ 418,15/ha, valor bem superior ao do ano passado e que ajuda a entender o plantio 36% maior que na temporada 2005/06.
Fernando Muraro Jr, é engenheiro agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas, fmuraro@agrural.com.br.
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