Embora a valorização do real continue fazendo estragos na economia agrícola basta ver os protestos por todos os lados em nosso país, provocados pela assustadora perda de renda do setor , a expectativa era de que ocorresse uma redução da área plantada com milho safrinha neste ano, especialmente na região Centro-Oeste. Isso porque a rentabilidade por lá é muito baixa ou mesmo negativa, não compensando o plantio. Nada disso.
Os números da Agência Rural mostram que a redução de área plantada, se aconteceu, foi muito pequena e especificamente no estado de Goiás. No Paraná, pelo contrário, ocorreu um aumento na superfície cultivada para 980 mil hectares, que resultou de um incremento de 15% em relação aos 849 mil hectares do ano passado. Trata-se da primeira e importante informação sobre a tendência do mercado do milho neste ano.
A segunda é o fator climático. As chuvas acima da média nos meses de março e abril nos principais produtores, liderados pelo Paraná e seguidos pelos estados da região Centro-Oeste, acenam para uma colheita muito boa no país. O excelente fica somente para depois, quando os riscos de geadas nos meses de junho e julho estiverem minimizados. Poderemos ter até um recorde de produtividade no país. Detalhe: neste ano, em virtude da estiagem dos meses de janeiro e fevereiro, o plantio do milho foi antecipado em uma ou duas semanas nas regiões Oeste e Norte do Paraná, o que diminui os riscos de maiores perdas com as geadas. Além disso, mesmo com a menor adubação e investimentos em tecnologia, o clima está garantindo uma safra maior.
Com isso, o quadro de oferta e demanda do cereal no Brasil mostra um sinal claro de abastecimento, o que, naturalmente, não é nada atraente para os preços. Com um mercado de oferta tranqüilo e com o mercado de exportação de frangos sem a pujança de outrora em função da gripe aviária, o excedente do cereal em nosso país terá somente dois destinos: estoques governamentais ou a exportação. O setor exportador, porém, vive um movimento de fraqueza, por causa da firmeza do real frente ao dólar. Em resumo: sem uma desvalorização do real daqui para frente, poucas são as chances de recuperação de preços neste ano.
980 mil hectares é a área cultivada com milho safrinha no Paraná. Um incremento de 15% em relação aos 849 mil hectares cultivados na safra do ano passado.
fmuraro@agrural.com.br