O oncologista Marcos Montenegro aponta, para legisladores e governantes, uma sugestão simples, mas que pode reduzir a incidência de câncer de pele expressivamente. "O protetor solar precisa sair da sessão de perfumaria e ir para a de produtos isentos de impostos." Em sua avaliação, o creme preventivo é tão essencial como um medicamento para populações vulneráveis à doença como a do Sul do Brasil. A ideia é amplamente apoiada entre os médicos que tratam pacientes com câncer.
A estimativa de Montenegro é que, sem impostos, os preços cairiam em pelo menos um terço. Dependendo da marca, o consumidor iria pagar apenas 30% do valor do creme, relata, referindo-se a produtos importados. Outra forma de reduzir a incidência da doença seria a distribuição de protetores por meio de programas públicos ou privados à população que se expõe ao sol diariamente. O número de empresas que adotam essa medida, beneficiando seus empregados, ainda é considerado pequeno.
A simples mudança do protetor solar para a sessão de medicamentos encareceria o produto, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso porque, entre outros fatores, o registro se tornaria mais caro, numa diferença de R$ 3 mil para R$ 80 mil. Sem contar que a venda de medicamentos depende de receita médica. Para Montenegro, é preciso ir além dessa avaliação levando-se em conta a gravidade das estatísticas sobre a doença.
As pessoas com pele sensível gastam aproximadamente 20% mais que as de pele morena para se protegerem do sol. Elas são orientadas a optar por fatores de proteção acima de 30. Um frasco com 125 mililitros de creme fator 60, considerando as marcas mais vendidas, custa de R$ 40 a R$ 55. Quem se expõe ao sol diariamente e precisa reforçar o creme durante o expediente gasta mais de um frasco por mês, contam os pacientes com câncer de pele.