A importância da safrinha para o abastecimento de milho do país cresce a cada temporada. Isso acontece porque a participação da segunda safra do grão no total colhido pelo Paraná, que é o maior produtor do Brasil, é muito maior que num passado não tão distante assim. O gráfico abaixo mostra que, no começo da década de 90, a porcentagem da produção da safrinha ficava em torno de 7% do total das duas safras.
Daí em diante, o crescimento dessa participação se deu aos saltos. Chegou a 40% na temporada 2002/03 e, atualmente, corresponde a cerca de 30% do total. Por isso, vale a pena ficar de olho na continuidade da safrinha nos dois próximos meses, normalmente os mais delicados para a cultura.
Por enquanto, graças a um plantio no prazo correto em grande parte do estado, principalmente no Norte, as condições da safrinha paranaense são boas. Segundo o relatório de acompanhamento de lavouras que o Deral divulgou na semana passada, 67% das plantações se encontram em boas condições, 25% são consideradas regulares e apenas 8% apresentam condições ruins. Mas, apesar desses bons números, uma preocupação começa a tomar conta dos produtores, principalmente daqueles que deixaram para semear a safrinha depois do dia 15 de fevereiro.
O motivo é o clima. Algumas regiões produtoras do estado sentem a falta de umidade. Já são 30 dias sem chuva. Na região Oeste, por exemplo, onde se encontram grandes produtores de safrinha, pouca gente acredita numa safra cheia justamente por causa da estiagem das últimas semanas.
Mas, como ainda é muito cedo para falar em perdas generalizadas, sabe-se que o atual cenário está fazendo a safrinha caminhar para um safrão. Se o mês de maio tivesse sido mais generoso em chuvas, daria até para dizer que a safrinha poderia se aproximar de 4 milhões de toneladas. Como não foi, atualmente a estimativa da AgRural para a segunda safra no Paraná neste ano é de algo entre 3,3 milhões e 3,5 milhões de toneladas. Isso, é claro, se uma geada daquelas de junho e julho não atingir as lavouras.
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