Com o fenômeno La Niña em declínio, as safras de trigo e milho de inverno devem sofrer menos com a falta de chuva do que a soja e o milho de verão, asseguram os meteorologistas. Uma troca de comando do La Niña para o fenômeno El Niño que garante chuvas ao Sul brasileiro não está confirmada, mas o quadro é suficiente para descartar a ocorrência de estiagens como as que atingiram em cheio a produção de milho de inverno nos últimos anos.
Os riscos para as culturas em fase de implantação definem-se mais claramente à medida que o outono com início em 20 de março se aproxima. Perto de um terço do milho já foi plantado e depende de chuvas bem distribuídas para germinar e crescer. No caso do trigo, os produtores terão de contar com precipitações para iniciar o plantio em abril.
"O La Niña está perdendo força muito rapidamente. Já na primeira metade do outono, deve estar enfraquecido", aponta o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antonio dos Santos. "Uma seca monstruosa como a de 2010 no Centro-Oeste está totalmente descartada", completa.
Com o fim do verão sob influência de um La Niña enfraquecido, as chuvas devem ocorrer dentro da normalidade para a época. Santos observa que a previsão é que períodos chuvosos permaneçam na Região Sul até a primeira quinzena de abril, o que indica bons resultados para a safrinha de milho, que já começou a ser plantada.
Outra consequência do enfraquecimento do La Niña esta mais preocupante é o frio precoce, como no ano passado. "Com o frio vindo mais cedo, o produtor deve ficar em alerta, pois se houver geada pode acabar com a safra", ressalta o agrometeorologista.
O meteorologista do Simepar, Fernando Mendes, explica que à medida que o verão se afastar, serão registradas mais situações de frentes frias e as chuvas devem ocorrer de forma mais distribuída. "O La Niña deve se manter nos próximos meses, com perda gradual de intensidade, por isso a chance de estiagem no outono é maior, mas sem grandes impactos", afirma.
Para o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Luiz Renato Lazinski, as massas mais intensas de frio devem chegar à região a partir de meados de maio, com risco de geadas mais para o final do mês. Ele alerta que o La Niña costuma deixar as temperaturas extremas, para cima ou para baixo. "É possível que tenhamos ondas de frio bem intensas", prevê.
Considerado de curta duração pelos meteorologistas, o La Niña que começou em novembro último , em 2011 perdurou por quase o ano todo, intercalado por um período de neutralidade. Segundo o agrometeorologista Santos, o retorno do fenômeno ainda neste ano, como em 2011, é pouco provável. "Em nenhum momento há sinal de que isso possa acontecer", explica.
Sobre um possível retorno do El Niño depois disso, ele é cauteloso. "Alguns modelos sinalizam para uma possível volta do El Niño, mas ainda não dá para afirmar isso", avalia. A previsão só deve ser feita com maior precisão a partir do final de abril.
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