A safra 2007/08 será decisiva na consolidação, ou não, da nova política de seguro agrícola do governo federal. A subvenção de 50% ao prêmio é considerada um avanço pelo produtor rural, que ainda tem restrições à cobertura – entre 50% e 70% do valor contratado – e não concorda com os critérios para a definição da produtividade utilizada como referência.

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Na primeira etapa do levantamento da produção, a Expedição Caminhos do Campo encontrou produtores convencidos dos benefícios, aqueles contrários ao seguro e outros divididos. O Banco do Brasil, apesar de ainda não ter um balanço oficial, está satisfeito com o ritmo das contratações, que tiveram início há duas semanas. "A aceitação está sendo muito maior do que no ano passado", diz o gerente de mercado de agronegócio do banco no Paraná, César de Col. A expectativa da instituição é que pelo menos 15% da área cultivada no Paraná seja segurada nesta safra – no caso da soja, contemplaria cerca de 600 mil hectares. Na safra passada, foram 10%.

Em todo o Brasil, o governo federal destinou R$ 100 milhões para subvenção ao seguro agrícola desta safra. O valor supera em R$ 40 milhões o montante disponibilizado no ano passado, quan-do apenas 50% foram utilizados. "O governo já sinalizou que se todo o valor for contratado, na safra do ano que vem os recursos para seguro podem chegar a R$ 200 milhões", diz o analista do banco.

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Pela primeira vez, o seguro agrícola da seguradora do Banco do Brasil está disponível para todos os municípios do Paraná, para as lavouras de soja, milho e trigo. O produtor vai pagar, em média, 1,4% de prêmio final, que conta com a subvenção de 50% do governo federal, explica César de Col. Dependendo da região, a participação do produtor pode chegar próximo de 3%. Mesmo cheio de críticas às limitações do seguro anticatástrofes, o produtor José Scholz, de Tole-do, assinou contrato. Ele prepara o plantio de 90 hectares de milho e 135 de soja. Diante da previsão de falta de chuva nos próximos seis meses, quer evitar o pior. "Se uma seca derrubar a produção, pelo menos vou ter garantia para cobrir a dívida no banco."

Em sua avaliação, os seguros privados melhoraram nesta safra, ao adotarem a média de produtividade municipal dos últimos cinco anos como referência. Até 2006, os cálculos se baseavam na média de dez anos, o que reduzia a cobertura. Quem havia elevado a produtividade, tinha que apresentar prejuízo extremo para conseguir acionar a seguradora.

Scholz contrata seguros pela terceira safra consecutiva. "Nunca acionei, mas sei da necessidade de alguma garantia." A seu ver, o produtor que assume o risco climático sozinho tende a se endividar e comprometer a renda de duas a três safras.

O produtor Arno Dresch, vice-presidente do Sindicato Rural de Toledo, defende que o produtor deve fazer uma avaliação positiva das mudanças nos seguros. "Um dia vamos chegar a um seguro que garanta a renda do produtor. Se não fizermos seguro hoje, nunca haverá um caixa para isso." Ele afirma que houve redução no custo do seguro privado. Em sua região, quem contratou a proteção para a soja tem taxa de 5,66% sobre o orçamento (valor investido no cultivo, de acordo com critérios do agente financeiro) se quiser garantir cobertura de 65%. Metade dessa taxa é paga pelo governo federal. O contrato garante que, se a produção não chegar a 65% da média esperada, a seguradora paga a diferença. Até ano passado, contratos nessas condições exigiam desembolso maior, diz Dresch.