Ribeirão Preto, São Paulo - A ausência dos principais fornecedores de trator e a crise de renda e crédito enfrentada pelo agronegócio reduziram o público da Agrishow, maior feira de máquinas do Brasil que segue até sábado em Ribeirão Preto (SP). Porém, as indústrias que tinham menor participação estão vendendo bem além do esperado. Apesar da crise no setor, corredores vazios rendem mais negócios que em anos anteriores para Green Horse, Landini e Tramontini.
As empresas que decidiram não participar New Holland, Case, John Deere, Massey Ferguson, Valtra, Agrale e Agritech abriram espaço para que essas três indústrias dobrassem seus estandes e projetassem expectativa de venda 250% maior que a de 2008, e que vem se cumprindo. No ano passado, foram vendidos cerca de 3 mil tratores por todos os expositores juntos. Agora, devem ser comercializados cerca de 1 mil, número que representa um salto inesperado para os fabricantes menores, que sonham ampliar sua participação no segmento.
Os organizadores da Agrishow esperam que o feriado desta sexta-feira faça com que o público chegue pelo menos perto das 140 mil visitas esperadas. "A dificuldade de crédito pode impactar em algum momento", disse o presidente da Agrishow, Cesário Ramalho da Silva. No entanto, a geração de R$ 870 milhões em negócios ainda pode ocorrer, sustenta. A feira tem 725 expositores e 2 mil equipamentos e produtos classificados como novidades.
"A safra de verão deu lucro para os agricultores, mas a crise paira sobre o crédito e influencia o mercado como um todo", admite o diretor presidente da Landini, marca italiana que inaugurou fábrica de tratores em São José dos Pinhais (PR) em 2006. "Vamos repartir a venda de 1 mil tratores com as outras duas indústrias que estão na feira", prevê. Em sua avaliação, a Landini vai multiplicar as vendas por duas vezes e meia, porém, seria melhor se todos os fabricantes estivessem presentes, atraindo público maior. "Preferia uma feira muito cheia."
Com 20 tratores vendidos em três dias, a gaúcha Tramontini comemora resultado 20% maior. Nenhum dos nove veículos expostos terá de ser levado de volta ao Rio Grande do Sul, apesar de a feira ter começado sem nenhuma venda arranjada, conta o gerente comercial, Júlio Cercal. A empresa está adaptando suas máquinas num esforço para ampliar a participação no mercado.
A Green Horse, também gaúcha, que apenas importava tratores da China, aproveitou a Agrishow para lançar seu primeiro trator brasileiro, uma máquina de 45 cv para tarefas que exigem menos força e tamanho reduzido em lavouras de café e uva, por exemplo. Até ontem, 28 veículos tinham sido comercializados, de acordo com o fundador da empresa, Irajá Rodrigues. A nacionalização é uma estratégia para entrar em programas como o Mais Alimentos (federal), o Pró-Trator (São Paulo) e o Trator Solidário (Paraná), disse. Este é o primeiro ano em que as vendas constituem um objetivo concreto para a Green Horse na Agrishow, relata.
O jornalista viajou a convite do Pool Agrishow, da Mecânica de Comunicação.