Na safra 2008/09, o Brasil produziu 134 milhões de toneladas de grãos nas 14 principais culturas, 130% a mais que as 58 milhões colhidas há três décadas. A área cultivada aumentou em um quarto, para 47,6 milhões de hectares. O que explica a diferença entre os dois índices é o ganho em produtividade, de 1,3 para 2,8 kg/ha. Empresas e pesquisadores podem reivindicar uma parcela desse resultado, pela busca constante de rendimento a custo reduzido. Um lote de 978 trabalhos está inscrito no Congresso Brasileiro de Sementes, que será em Curitiba de 31 de agosto a 3 de setembro.
Não por acaso, desde que surgiu, em 1979, o evento viu o número de trabalhos apresentados aumentar oito vezes. Os mais de 900 desta 16ª edição serão apresentados no Estação Embratel Convention Center pela Associação Brasileira de Tecnologia em Sementes, sob o tema "Qualidade: desafio permanente".
José de Barros França Neto, pesquisador da Embrapa, vê no crescimento da pesquisa em desenvolvimento de sementes o grande motor do aumento da produção brasileira de grãos. "O uso de uma semente com qualidade superior leva a uma produtividade 30% maior na soja", cita.
"A taxa de germinação de uma semente superior está na faixa de 90 a 95%. Nos anos 70, ficava em torno de 80%, número hoje obrigatório por lei e só apresentado por sementes inferiores", explica.
A qualidade fisiológica (germinação e vigor), a genética (que define o cultivar), a sanitária (livre de pragas e doenças) e a física (sem quebra e sujeira) medem a qualidade geral da semente. As técnicas empregadas para obter e medir esses índices melhoram ano após ano. "Essas características agregam valor ao produto, porque não vendemos apenas grãos, mas a garantia de que o produtor irá receber o desempenho prometido", assegura França Neto. As técnicas empregadas atualmente vão do melhoramento genético do cultivar à inoculação de nutrientes e constantes testes de laboratório, cada vez mais precisos.
Pesquisadores da área vão debater sobre os avanços mais recentes durante o congresso. Um dos objetivos é valorizar pesquisas e mostrar as vantagens das sementes mais recentes sobre os grãos "salvos", que os produtores guardam para plantar na safra seguinte.
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