Mosaico no campo: primeiras colheitas revelam perdas localizadas em estados chave, mas Brasil ainda tem milhões de hectares de lavoura com potencial sem precedentes| Foto: Jonathan Campos/gazeta Do Povo

O avanço da colheita de verão vem revelando produção menor que a prevista em algumas lavouras de Mato Grosso, Goiás, Paraná e São Paulo, mas as cotações da soja seguem em queda, sob pressão da oferta internacional e da desvalorização de 2% do dólar desde o início do ano. O quadro ainda não configura uma quebra de safra, mas, na soma dos problemas localizados, há perdas que chegam a 3 milhões de toneladas, apura a Expedição Safra Gazeta do Povo, que mantém duas equipes de técnicos e jornalistas em campo.

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Num momento em que metade da produção ainda não foi vendida, os preços em queda interrompem as vendas e ameaçam reduzir a renda dos produtores. Com motivo extra para torcer por clima regular, o setor prevê oscilações no índice médio de produtividade durante a colheita. Essa tendência de altos e baixos põe em xeque as previsões sobre a produção.

A Expedição Safra está em campo para conferir se a temporada vai resultar em 96 milhões de toneladas de soja e 32 milhões de toneladas de milho verão – volumes 10% maior e 1% menor que os do ano anterior, que apontam para uma safra de grãos de 202 milhões de toneladas.

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Em Mato Grosso, responsável por quase um terço da produção nacional de soja, o impacto de três veranicos cria um mosaico de rendimentos que, por enquanto, descarta perdas acentuadas, mas também torna menos prováveis previsões de produtividade recorde. A tendência é que a média prevista para o ciclo seja corrigida para baixo de 52,4 sacas por hectare nas próximas semanas, conforme o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

“Quando forem colhidas as lavouras que enfrentaram falta de chuva na fase de enchimento de grãos, em dezembro, o índice deve baixar, mas neste momento não há indícios de que os problemas localizados, somados, possam reduzir a produtividade em mais de duas sacas por hectare”, pondera Daniel Latorraca, analista do Imea.

Ainda resta expectativa de que pelo menos um terço das lavouras de Mato Grosso resulte em volume além do previsto. “Mesmo com a falta de chuva, ainda posso passar de 60 sacas por hectare”, afirma Luimar Gemi, que plantou 3,8 mil hectares de soja em Sorriso (MT). A capital brasileira da oleaginosa, com 2% do plantio do país, espera colher 55 sacas por hectare – quatro a mais do que a média nacional.

As perdas mais acentuadas vêm sendo aferidas em Goiás, onde o plantio tardio e pouco escalonado, aliado à falta de chuva e às altas temperaturas das últimas semanas, reduziu a produtividade nas colheitas iniciais. Avaliação preliminar da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg) indica que a produção estadual pode ser 15% menor do que o previsto inicialmente.

No Paraná, os problemas registrados neste início de colheita se resumem ao quadro de altos e baixos em lavouras precoces do Oeste e Norte do estado.

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