2009 termina com saldo positivo para a soja e para o milho na Bolsa de Chicago (CBOT). O primeiro contrato da oleaginosa, que começou o ano cotado a US$ 9,7, terminou o pregão de ontem valendo 7% mais, US$ 10,3625 o bushel (27,6 quilos) – a saca de 60 quilos foi de US$ 37,44 para US$ 40. Já a primeira posição do milho ganhou 1% em 2009: saiu de US$ 4,10 em janeiro para US$ 4,1375 o bushel (25,4 quilos) ontem – em saca, de US$ 16,95 para US$ 17,10. As variações, ainda que pequenas, revelam um mercado firme, muito diferente do que se previa há um ano, na virada de 2008 para 2009, quando soja e milho fechavam o ano com quedas de 21% e 12% na CBOT. Na época, as cotações recuavam das máximas históricas alcançadas em meados de 2008, pouco antes a quebra do centenário banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, considerada o marco zero da crise econômica mundial. Quando o setor financeiro começou a entrar em colapso, em setembro, analistas temiam que uma recessão intensa poderia pôr a economia mundial em marcha lenta e provocar uma forte queda no preço dos produtos básicos (agrícolas e minerais).Eles não podiam imaginar que, para as commodities agrícolas, o último trimestre de 2008 havia sido o fundo do poço. Há um ano, em dezembro daquele ano, soja e milho recuaram aos níveis em que trabalhavam em agosto de 2007. O bushel da oleaginosa, que seis meses antes havia alcançado recordes US$ 16,58 na CBOT, caia a US$ 7,84. Em um intervalo de apenas seis meses, perdeu US$ 8,75, ou 53% de seu valor. O milho tomou um tombo ainda maior. No mesmo período, o bushel do cereal teve desvalorização de 63% na bolsa americana, ou US$ 4,61. Saiu de US$ 7,55 para US$ 2,94.

CARREGANDO :)

Mas o tom negativo não durou muito. No início de 2009, uma forte estiagem no sul da América do Sul não poupou os campos argentinos e brasileiros, derrubou a produção de soja e milho dos dois países e alavancou as cotações, que voltaram a subir e a se acomodar em patamares bastante superiores às médias históricas. Ao longo do ano, soja e milho reagiram aos solavancos da economia, e também às notícias fundamentais, como a confirmação de plantio recorde de soja nos Estados Unidos, em março. O anúncio levou os preços da soja de volta à casa dos US$ 8,5 e as cotações do milho recuaram a US$ 4,4 em Chicago.

Mas, na outra ponta, o consumo, que, em tese, deveria cair com a crise mundial, continuou firme, sustentado principalmente pela China. Somente do Brasil, o país asiático comprou 35% mais soja neste ano. Até novembro, foi destino de 15,9 milhões de toneladas do grão brasileiro, contra 11,8 milhões em igual período de 2008. A receita obtida com as exportações para esse país aumentou US$ 1 bilhão (20%), para US$ 6,3 bilhões. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).A demanda aquecida e os sustos com a safra norte-americana – que enfrentou chuvas, neve e geadas – mantiveram o preço do bushel da soja sustentado entre US$ 8 e US$ 12 no mercado futuro. O milho oscilou entre US$ 3 e US$ 4,35 na CBOT. Entre máxima e mínima do ano, são quase US$ 4,5 de di­­fe­­rença na oleaginosa e pouco mais de US$ 1 no cereal. Nos dois casos, uma variação de 33%. Um mercado bem menos volátil que no ano passado, quando a soja chegou a perder metade e o mi­­lho quase um terço de seu va­­lor, entre máxima e mínima.

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