A soja é originária da Ásia (China e Japão), mas referências tecnológicas do Ocidente estão elevando a produtividade das lavouras da oleaginosa na Índia, constatou a Expedição Safra Gazeta do Povo, que está encerrando viagem de duas semanas pelo país de 1,2 bilhão de habitantes. O aumento no consumo de proteína tem feito os indianos buscarem produção de soja cada vez maior.
"Os trabalhos de pesquisas estão avançados e são semelhantes aos dos três principais players neste mercado de produção [Brasil, Estados Unidos e Argentina]", avaliou o agrônomo Robson Mafioletti, analista técnico e econômico das cooperativas do Paraná no Sistema Ocepar, que participa da Expedição Safra há sete anos.
A comitiva de técnicos e jornalistas brasileiros percorreu lavouras, instalações portuárias e instituições como o Diretório de Pesquisa de Soja (DRS, na sigla em inglês). Essa instituição tem 46 anos e assume funções que no Brasil são responsabilidades da Embrapa Soja.
Os entrevistados disseram que a produtividade da soja está passando de 1,5 mil para 2 mil quilos por hectare na Índia. No Brasil, o índice está passando de 3 mil quilos por hectare.
A tecnologia do Ocidente chega como conhecimento em manejo e por meio das sementes. Porém, aponta Mafioletti, há questões locais que interferem na produtividade das lavouras indianas. "O tamanho das propriedades é pequeno, a mecanização agrícola torna-se mais difícil e os solos apresentam baixo teor de matéria orgânica.” Além disso, o quadro torna mais lenta a transferência de tecnologias.
O avanço em produtividade é complementado pela ampliação da área de cultivo, que deve passar de 10,7 milhões para 18 milhões de hectares em uma década, relata o técnico da Ocepar. A capacidade de processamento de soja do país dá lastro à ampliação na produção. O país importou nos primeiros seis meses deste ano US$ 137 milhões em óleo de soja do Brasil, aponta Mafioletti.
Como a renda média do total de 1,2 bilhão de habitantes é baixa, a Índia concentra 1/3 dos pobres do mundo, conforme o Banco Mundial. O crescimento da classe média, no entanto, aumenta o consumo de proteína. A tendência é que as pessoas que se alimentam basicamente de vegetais passem a consumir produtos mais elaborados e, com isso, cresçam as exportações do agronegócio brasileiro para o país asiático, que já tem na China seu principal parceiro.
Leia mais sobre a Expedição na Índia na edição de terça-feira do caderno Agronegócio.
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