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Mesmo com notícias sobre uma possível redução do apetite chinês pela soja e de recuperação das lavouras dos Estados Unidos – nesta semana o Meio-Oeste do país voltou a receber bons volumes de chuvas em estados prejudicados pela seca e calor intensos –, as cotações dos grãos continuam em franca escalada na Bolsa de Chicago. A valorização é atribuída à forte quebra na safra de trigo da Rússia

Ontem, o contrato novembro/12 da oleaginosa, referente à safra norte-americana, atingiu a maior cotação de fechamento da história: US$ 17,53 por bushel (equivalente a US$ 38,56 por saca de 60 quilos), alta de 30 pontos. Na esteira dos ganhos do mercado internacional, a soja voltou a rondar os R$ 90 por saca em Paranaguá, praça mais valorizada do estado, mas que não registra negócios a esse valor por falta de produto disponível.

O milho também teve ganhos expressivos, de 18 pontos, fechando o pregão cotado a US$ 8,14 por bushel (US$ 19,21 por saca).

Demanda asiáticaA disparada ocorreu num momento em que consultorias internacionais cortaram suas estimativas em relação às compras chinesas de soja para a próxima temporada. Os números referentes às importações do país asiático, no entanto, mostram o contrário.

O volume da oleaginosa do ciclo 2012/13 adquirido pela China aumentou 22% em relação a esta época do ano passado. Os contratos fechados já somam 11 milhões de toneladas, contra 8,6 milhões no ano passado.

Além disso, a expectativa do mercado é que os países do sudeste asiático vão manter a demanda pelas commodities aquecida, já que não há previsão de redução no consumo por carnes na região.Analistas apostam que a Ásia como um todo, continente que mais importa soja no mundo, deve aumentar as importações do produto, mas não no mesmo ritmo que nos últimos anos.

Causa pontualPara Pedro Dejneka, analista de mercado da Futures International, com sede em Chicago (EUA), as altas significativas desta quarta-feira foram proporcionadas pelo trigo, que também teve ganhos de 30 pontos no dia – os negócios com entrega programada para dezembro deste ano foram fechados com base na cotação de US$9,08 por bushel (US$ 19,97 por saca).

Segundo Dejneka, a quebra a ser confirmada na Rússia, terceiro maior produtor e exportador global do produto, será maior do que o esperado pelo mercado , havendo inclusive a hipótese de limitação das exportações do país para que o consumo interno seja garantido. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) calcula que o país deixará de colher mais de 13 milhões de toneladas do grão.

Embora projete preços de até US$ 18,50 por bushel para a soja no curto prazo, o especialista não acredita que o "rally" de altas de ontem levará o produto ao pico de preço em Chicago. "Não estou convencido com essa puxada. Não havendo danos do furacão Isaac nas safras e redução das exportações da Rússia no trigo, o mercado será ‘vendido’", diz ele, em referência a uma nova correção nos preços antes das máximas previstas.

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