Área dedicada ao algodão no ano passado agora recebe soja na transversal. “Rotação vai facilitar combate aos ataques de lagarta”, afirma o agrônomo Cícero Silva| Foto: Christian Rizzi/gazeta Do Povo
Walter Horita, diretor do Grupo Horita. Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo 
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A soja ganha 5 mil hectares nesta temporada e vence por 47 mil a 34 mil o algodão nas lavouras do Grupo Horita, apontado como o maior cotonicultor do Brasil. O placar deve-se ao preço da oleaginosa sustentado na casa de R$ 65/saca em Barreiras (BA) e à viabilidade da cultura em áreas de expansão, informa a empresa.

“Não é aposta, é abertura de área (...) Toda a abertura de área nova é com soja no processo de melhoria de solo (...) No primeiro ano você está no vermelho; até o terceiro ano, começa a remunerar o que investiu”, afirma Walter Horita, diretor do grupo. O custo da soja é avaliado em R$ 2 mil por hectare e o do algodão, em R$ 6,2 mil pelo grupo.

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A família cultivava 560 hectares na região de Floresta, no Paraná, e começou a investir na Bahia em 1984. Na safra atual, soma 93 mil hectares de lavouras no Oeste baiano, contanto 12 mil dedicados ao milho. O algodão foi o motor da expansão dos negócios das últimas três décadas, e a soja assume agora parte dessa função.

Limite

Segundo Walter Horita, o que impede uma expansão maior da soja na Bahia – além da área recorde de 1,3 milhão de hectares cultivada nesta temporada – é a burocracia para o licenciamento ambiental. O processo chega a levar dois anos, confirmam os produtores da região.

“Temos quatro pessoas trabalhando só com isso. A legislação brasileira abre espaço para que mesmo uma área em situação legal seja embargada pelos órgãos ambientais municipais, estadual ou federal por questões burocráticas”, reclama. Ele considera que o quadro impõe limites ao cultivo. “Existe potencial para 6 milhões de hectares de lavouras no Oeste da Bahia. Hoje cultivamos 2 milhões de hectares [considerando todas as culturas] e já estamos incomodando.”

Walter Horita, diretor do Grupo Horita. Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo 
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O mercado tem se mostrado sustentável, aponta o empresário. Ele não aposta em elevação nas cotações da soja durante a colheita, no primeiro trimestre de 2014, mas considera pequeno o risco de queda significativa.

A infraestrutura, por outro lado, está sobrecarregada e continuará representando entrave para que o bom momento do mercado internacional seja aproveitado nos próximos anos, aponta Luiz Stahlke, agrônomo da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Toda a exportação do Oeste baiano depende dos embarques marítimos de Salvador, Santos e Paranaguá (PR), rotas rodoviárias que não estão sendo duplicadas. A duplicação da BR-242, por enquanto, limita-se à zona urbana de Luiz Eduardo Magalhães, município criado em 2000 que experimenta rápido crescimento e alcança neste ano 73 mil habitantes.

Nas lavouras do Grupo Horita, um desafio para os próximos anos será a adoção do sistema de agricultura de precisão, que promete redução de custos e equilíbrio na produtividade, conta o gerente da fazenda Acalanto, Cícero Carlos Lima Silva, visitada pela Expedição Safra. A propriedade fica em Roda Velha – distrito de São Desidério, uma das regiões mais produtivas da Bahia – e funciona como central administrativa da empresa, que possui 1,2 mil funcionários.

A produção cresce a ponto de lotar os armazéns, apesar dos investimentos em cinco silos novos nos últimos três anos, relata Silva. Atualmente, a capacidade é para 1,5 milhão de sacas. “Em safra cheia, temos que vender 250 mil sacas de milho na frente para terminar a colheita”, relata Silva.

Aiba teme que plano de emergência amarre combate às lagartas

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Região mais afetada pelos ataques da Helicoverpa armigera na safra passada, o Oeste da Bahia tenta evitar que o drama de 2013 se repita. O primeiro passo foi dado pelos produtores de grãos, que estocaram inseticidas para até cinco aplicações extras na soja e no milho. No entanto, o setor avalia que poderá precisar de reforço de agroquímicos que só podem ser importados em situação de emergência e que o sistema oficial de controle sanitário inviabiliza uma ação imediata.

“A importação só será autorizada após uma verificação nas áreas. E depois de o produto importado, a aplicação também terá de ser autorizada. O problema é que isso demanda muito tempo, e as lagartas se multiplicam e atacam mais rapidamente”, afirma o agrônomo Luiz Stahlke, assessor de Agronegócio da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).

A lagarta não abandonou as lavouras desde o ano passado. Sobreviveu na palhada e vem sendo controlada com diferentes tipos de inseticidas. “Temos áreas com lagarta que terão uma pausa na pulverização. Não podemos ficar sem inseticida para a fase do florescimento, que é mais importante”, afirma o agrônomo Cícero Silva, da fazenda Acalanto.