Em um ano em que a incerteza faz sobrar cortes e cifras negativas na economia, a soja provou, com um novo recorde positivo, ser um pilar da economia. Em abril, foram embarcadas para fora do país 11,6 milhões de toneladas de produtos de soja – maior volume mensal da história. Isso representa em peso 50,1% de tudo o que foi vendido no exterior no período. No faturamento, o grão teve incremento de 30,6% , indo de US$ 3,10 bi em abril do ano passado para US$ 4,04 bi no mês correspondente de 2016. O total de todas as exportações foi de US$ 8,08 bi e a balança comercial fechou com US$ 4,8 bi positivos. Se o agronegócio for deixado de fora na conta, a balança fica em US$ 2,2 bi negativos. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Especialistas apontam como principal causa do resultado o câmbio do real frente ao dólar. “A soja brasileira ganhou competitividade no mercado internacional a ponto de termos vantagem sobre a soja americana”, explica Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Consultoria Safras & Mercado. Para ele, a perspectiva para os próximos meses é de continuidade desse cenário. “Se o dólar se manter, o produtor não ficará preso ao mercado interno”, diz.
50,1%
Foi o que representou a soja em relação a todas as exportações feitas pelo Brasil durante o mês de abril, comparado ao mesmo período do ano passado, o que segurou a balança comercial do país
Flávio Roberto de França Junior, consultor econômico de agronegócio da FC Stone, cita, como fator decisivo para o bom resultado, a disponibilidade de estoques do produto para aproveitar a boa condição de mercado no último mês. Isso vale não apenas para a soja, mas também para o milho (ver gráfico). “Nos próximos meses teremos uma influência da logística. Os portos não vão conseguir exportar no mesmo ritmo não por uma redução de mercado, mas por causa do valor dos fretes [vinculados ao dólar] mais caros no momento de safrinha [de milho]”, estima.
A soja brasileira ganhou competitividade no mercado internacional a ponto de termos vantagem sobre a soja americana.
O analista agrícola Camilo Motter reforça o papel câmbio. Ele diz que apesar de o dólar estar em uma cotação menor agora do que no início do ano – quando passou dos R$ 4 –, a subida da cotação da soja no mercado internacional manteve os ânimos dos exportadores. Ele lembra que com a quebra da safra da soja na Argentina por causa do excesso de chuvas, o grão no mercado futuro ultrapassou os US$ 10 por bushel em Chicago no mês passado. “É difícil ultrapassar esse limite [recorde de exportações] e nesse ritmo nós vamos ter escassez na entressafra, pois as exportações devem enxugar a oferta interna”, prevê.
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