A maior safra de soja já semeada no Brasil teve incremento na fase final do plantio, aponta o indicador nacional da Expedição Safra Gazeta do Povo. O aumento chegou a 7% – somando ao todo 29,49 milhões de hectares – com dois pontos extras na comparação com projeções do início da temporada, em setembro. E a produção deve chegar a 91,05 milhões de toneladas – 2 milhões a mais (2,7%) do que o volume registrado nos Estados Unidos.
Na sondagem de 26 mil quilômetros para monitoramento do plantio em todo o Brasil, a Expedição conferiu que a expansão na soja compensa com folga o recuo no milho. O cereal perde 9,5% da área que detinha no verão passado, recuando a 6,9 milhões de hectares. Considerando a produtividade esperada de um ano de clima neutro, a colheita da oleaginosa tende a avançar 9 milhões de toneladas, enquanto o cereal perde apenas 1 milhão de toneladas, sempre na comparação com 2012/13.
Trata-se de crescimento que eleva esses dois produtos a 125,9 milhões de toneladas (sem contar o milho de inverno) e promete uma safra nacional de grãos de 200 milhões de toneladas. Um volume 50% maior que o da safra 2006/07 (oito anos atrás), quando a Expedição Safra foi lançada.
“Está havendo aumento no plantio em todas as regiões. Nos estados onde não foi reduzido o milho, a soja toma área de pastagens, de cerrado, de culturas que têm menos liquidez e rentabilidade”, aponta o agrônomo Robson Mafioletti, assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que participa da Expedição. Ao todo, a soja ganhou 1,9 milhão de hectares – 570 mil concentrados no Sul e 820 mil no Centro-Oeste (com 550 mil em Mato Grosso).
Mesmo em estados como Piauí e Bahia, onde houve quebra na safra em 2012/13, a agricultura se expandiu. “As áreas com licenciamento ambiental estão sendo abertas. Num ritmo um pouco mais lento porque muitos produtores se descapitalizaram, é verdade. Mas a expansão continua”, avalia Cleomir Marx, gerente de produção da Ceagro – empresa que planta 52 mil hectares de soja – no Centro-Norte. A Expedição entrevistou produtores, técnicos, consultores, empresários, lideranças e gestores públicos de 14 estados.
“Os produtores brasileiros acompanham o mercado de perto e apostam na expansão da soja influenciados pela demanda global aquecida”, avalia o coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira. A commodity alcança de R$ 60 a R$ 65 por saca em todo o país, apesar de a seca histórica dos Estados Unidos ter completado um ano e de a previsão ser de safra recorde em toda a América do Sul.
Paraná e Goiás puxam área de milho para baixo
A área do milho de verão foi reduzida em 720 mil hectares (-9,5%) devido principalmente ao recuo registrado nos Estados do Paraná e Goiás. Os produtores paranaenses plantam 170 mil hectares a menos (-19,8%) e os goianos, 120 mil (-26,7%), para dar mais espaço à soja e equilibrar as contas.
No ano passado, o milho chegou a dar prejuízo de R$ 4 por saca na região de Rio Verde, Sudoeste de Goiás, considerando os custos totais (que incluem depreciação de máquinas e remuneração pelo uso da terra), aponta Maurício Miguel, gerente técnico da cooperativa Comigo. Os produtores estão mantendo as áreas de milho destinadas à produção de silagem. Na zona de abrangência da Comigo, o corte foi de 40 mil para 10 mil hectares.
Os mineiros estão reduzindo menos a área do milho de verão do que os vizinhos goianos (-7%, ou 80 mil hectares), principalmente pelo forte uso do cereal na pecuária leiteira. “O milho é o produto mais importante em nossa região”, explica o superintendente da Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo Mineiro (Certrim), Osvaldo Guimarães. A cooperativa produz 420 mil toneladas do cereal e 360 mil toneladas de soja por ano. Num plano de expansão agroindustrial, inaugura uma segunda fábrica para triplicar sua produção de ração, de 1,2 mil para 5 mil sacas ao dia (ou 20 mil toneladas). Além da bovinocultura, a intenção é aproveitar a expansão da avicultura na região, acrescenta Guimarães.
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