A liquidação de contratos promovida pelos fundos de investimento provocou uma sequência de quedas nas cotações da soja na Bolsa de Chicago às vésperas da divulgação de novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Usda, que deve redimensionar hoje o aperto entre oferta e demanda. Esses mesmos fundos têm a opção de comprar a commodity a preço inferior e revender os mesmos papéis em seguida, caso haja valorização a partir dos números dos EUA sobre a quebra da safra sul-americana e a sustentação da demanda chinesa.
As estimativas dos traders é que os contratos de soja vendidos nos últimos dez dias pelos fundos somam mais de 6 milhões de toneladas. No período, as cotações caíram de US$ 15 para US$ 14,27 por bushel (medida equivalente a 27,2 quilos).
"Estimamos que eles [fundos] tenham 226,7 mil contratos (30,8 milhões de toneladas), contra o recorde de 270,3 mil (36,7 milhões de t.) em 1.º de maio", disse ontem Stefan Tomkiw, vice-presidente de Futuros para a América Latina da Jefferies Bache, de Nova York, que monitora diariamente o fluxo dos negócios na Bolsa de Chicago. O relatório da Comissão de Comércio Futuro de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) aponta que os especuladores têm mais de 47 milhões de toneladas em contratos de soja, volume superior à safra argentina.
A saída dos fundos de investimento representa uma mudança de foco. Sai de cena a safra 2011/12 e entra a 2012/13. Os contratos da próxima safra estavam menos valorizados que os referentes à atual, relação que começa a se equilibrar. O Brasil já comercializou quase toda a sua produção e a Argentina está na reta final de uma colheita, significativamente menor do que as previsões iniciais.
Se o relatório do Usda esperado para hoje confirmar a demanda chinesa e ampliar a quebra argentina, como preveem parte dos analistas, as cotações podem voltar a subir. No mês passado, o Usda estimou que o país sul-americano iria colher 45 milhões de toneladas, mas as previsões atuais dão conta de que o rendimento vai ficar abaixo dos 43 milhões de toneladas, devido aos efeitos da falta de chuva.
