A ampliação das lavouras de soja na Argentina, Brasil e Paraguai num ano de seca anunciada mostra que o plano sul-americano de expansão da produção ainda tem fôlego. Juntos, os três países viraram a mesa na última década, ultrapassando os Estados Unidos na oleaginosa. Agora, começam a ter seu peso reconhecido no mercado internacional da commodity.

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Uma década atrás, na safra 2001/02, o trio sul-americano destinava 29 milhões de hectares à soja, área idêntica à cultivada pelos EUA na época. Agora, a área argentina, brasileira e paraguaia soma 45 milhões de hectares, enquanto a norte-americana se mantém em 31 milhões, conforme o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Só no último ano, a soja sul-americana avançou perto de 1 milhão de hectares, enquanto os produtores norte-americanos, sem mais tantas terras disponíveis, preferem apostar no milho.

Por uma série de razões, o monitoramento das lavouras do Hemisfério Norte continua sendo mais minucioso e interferindo constantemente nas cotações internacionais, que giram em torno da Bolsa de Chicago. Enquanto maior produtor isolado, os EUA influenciam diretamente o mercado globalizado. No entanto, a cada safra, as cotações mostram-se mais sensíveis também ao que ocorre com as lavouras do Hemisfério Sul. Essa influência ficou evidente quando as notícias de quebra na produção argentina, ainda na época do plantio, provocaram altas nos preços mundo afora. Agora, às vésperas da colheita nos pampas argentinos, o mercado se prepara para assimilar uma boa produção.

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O destempero climático, comum em ano de La Niña, foi menor do que se esperava no Brasil e no Paraguai. Na Argentina, mesmo com seca, as perdas foram limitadas. O quadro é de confirmação de metas, numa época de estoques baixos e demanda aquecida. Porém, solavancos não são descartados na precificação do resultado da safra.

Para ter seu poder de influência reconhecido de forma coerente, a América do Sul precisa cada vez mais de informações detalhadas e abrangentes, que mostrem com fidelidade e isenção a realidade do campo . Os sistemas de dados dos três países funcionam de forma isolada e as sondagens privadas começam a ganhar abrangência. Não à toa, a importância de pesquisas de campo como a da Expedição Safra Gazeta do Povo vem sendo reconhecida dentro e fora do Brasil. Numa época em que todos monitoram e são monitorados, a informação se tornou essencial para o setor, do plantio à comercialização.