No Porto de Paranaguá ou no Golfo do México, são a soja e as carnes que alavancam os embarques do agronegócio. No primeiro semestre, mais de um terço do faturamento do setor veio desses produtos. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo, mas ainda fica atrás dos Estados Unidos na soja. Nas últimas cinco safras, as vendas brasileiras do grão saltaram de 25 para 28 milhões de toneladas, enquanto os norte-americanos ampliaram seus embarques de 25 para 40 milhões de toneladas.
A análise de um período mais longo, entretanto, revela que os Estados Unidos vêm perdendo espaço para o Brasil no comércio internacional de soja. Há dez anos, os norte-americanos tinham mais da metade do mercado mundial da oleaginosa e os brasileiros participavam com 27%. Hoje, a diferença caiu para 11 pontos porcentuais. Os EUA têm fatia de 43% e o Brasil participa com 32%, conforme dados do USDA, o departamento de agricultura do país.
Na avaliação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Brasil e EUA devem inverter posições ao final da próxima década. Segundo a entidade, os norte-americanos continuarão sendo os maiores produtores mundiais de grãos e de proteína animal, mas o Brasil terá a maior taxa de crescimento das exportações de carnes e oleaginosas, superando os EUA no comércio global de soja.
Grande em volume, a diferença entre as exportações de soja de Brasil e EUA diminui quando a base de comparação é o faturamento. A soja rendeu no ano passado US$ 11,4 bilhões aos brasileiros e US$ 17,7 bilhões aos norte-americanos. Nos dois países, o grão tem peso equivalente na pauta de exportação agrícola 18% do faturamento em 2009.
A importância econômica da soja, contudo, é três vezes maior no Brasil, por representar 7% da receita de todas as exportações. Movida a consumo, a economia dos EUA é menos dependente do campo. Cerca de um terço de tudo que os norte-americanos produzem vai para os portos. Ainda assim, o agronegócio é responsável por apenas 10% dos embarques e pouco mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No Brasil, as vendas de produtos primários respondem por 40% das exportações nacionais. Aproximadamente um terço das riquezas brasileiras vem do campo.