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Soja sustenta recorde

"Esta é a melhor safra dos dez anos em que estamos no Piauí. O preço não ajuda, é verdade. Mas o clima surpreendeu e a produtividade deve fazer a diferença." O depoimento, do produtor Wilson Marcolin, que cultiva soja e milho no distrito de Nova Santa Rosa, município de Uruçuí, Centro-Norte do país, é um retrato do atual ciclo produtivo brasileiro. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, com raras exceções, onde adversidades climáticas, de pragas ou doenças, comprometem um desempenho melhor, o Brasil bate recordes de produtividades e recupera o potencial para 145 milhões de toneladas de produção total. A última grande marca foi na temporada 2007/08, quando o ano-safra rendeu 144,1 milhões de toneladas.

A estimativa é da Expedição Safra RPC, que depois de percorrer 12 estados, responsáveis por quase 90% da oferta de grãos, estima uma produção de verão acima de 100 milhões de toneladas de soja e milho, com 67 milhões e 33 milhões de toneladas, respectivamente. Com mais 19 milhões previstas para a 2ª safra do cereal, em 2009/10 as duas culturas devem atingir a marca histórica de 120 milhões de toneladas. Boa parte desse volume está concentrada no Paraná, que reassume o 1º lugar no ranking de produção, e em Mato Grosso, o segundo produtor nacional. Juntos, os dois estados somam 45% da área cultivada com soja no país e mais de 40% da produção.

Proporcionado pelo clima, em ano de El Niño, o destaque da temporada é o ganho de produtividade. Na média, o rendimento da soja ficou em 2.909 kg/hectare, contra 2.833 kg em 2007/08, até então a melhor marca, segundo a Conab – em alguns estados ou regiões superou os 3.000 kg/ha. Em casos isolados, com alta tecnologia, a Expedição acompanhou colheitas em propriedades com desempenho superior a 3.500 quilos.

Com o milho não foi diferente. A redução de 13% em área foi compensada pelos 4.110 kg/ha, média muito próxima dos 4.148 kg recordes de 2007/08. O resultado final também tem relação com a tecnologia empregada, com resposta potencializada pelo comportamento do clima.

A considerar o histórico de que soja e milho representam 80% da produção nacional de grãos, nesta safra o Brasil rompe, novamente, a casa das 144 milhões de toneladas. A safra cheia também ajuda amenizar o impacto negativo das cotações, em baixa, e do câmbio, desfavorável. O ano é de rentabilidade em queda e margens reduzidas, cenário que exige maior eficiência em produtividade.

América do Sul

Se depender da América do Sul, os Estados Unidos terão que dividir com Brasil, Argentina e Paraguai a responsabilidade de formar preço, influenciar a Bolsa de Chicago e regular oferta e demanda. Puxada pelos brasileiros, a produção dos três países deve somar nesta temporada mais de 125 milhões de toneladas de soja. São pelo menos 35 milhões de toneladas a mais do que os norte-americanos produziram no último ciclo. Na safra anterior, a estiagem reduziu a produção sul-americana da oleaginosa em quase 30 milhões de toneladas. No roteiro pelos quatro países, a Expedição Safra apurou ainda que to­­dos estão nivelados quando o assunto é tecnologia, com mé­­dias próximas de 3.000 quilos/ha.

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