Semente é resultado de uma parceria público-privada e foi desenvolvida por meio da introdução de um fator de transcrição do girassol| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A Argentina saiu na frente na corrida tecnológica global para o desenvolvimento e aprovação da primeira soja transgênica tolerante à seca. A tecnologia foi anunciada, nesta semana, pela presidente Cristina Kirchner, que também comunicou a aprovação de uma batata geneticamente modificada (GM) resistente ao vírus PVY.

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Resultado de uma parceria público-privada, a soja foi desenvolvida por meio da introdução de um fator de transcrição do girassol. A modificação genética da leguminosa permite que a planta se desenvolva mesmo em condições de carência de água. A pesquisadora da Universidade Nacional do Litoral, Raquel Chan, é a responsável pela identificação dos genes que expressam a tolerância ao estresse hídrico e a empresa nacional INDEAR, do grupo Bioceres, introduziu o gene na soja.

Segundo o anúncio da presidente, com essas aprovações, a Argentina passa a integrar um seleto grupo de países, incluindo o Brasil, que desenvolve e aprova localmente inovações em biotecnologia agrícola. “Estes não são apenas eventos tecnológicos, mas também produtos com grande impacto econômico e social que representam uma alternativa na produção global de alimentos”, diz Kirchner.

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Para a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, criado no Brasil em 2001, a aprovação dos novos transgênicos está alinhada com o desafio global de alimentar uma população crescente de maneira sustentável. “Uma soja tolerante à seca permite cultivar essa leguminosa em regiões com baixa disponibilidade de água, o que certamente contribui para diminuir a pressão da agricultura sobre áreas protegidas e para o aumento na produção de alimentos”, afirma.

Batata

A batata transgênica apresenta resistência ao vírus PVY (Potato Virus Y), responsável por uma doença que pode causar perdas de até 80% do cultivo. A tecnologia foi desenvolvida pelo grupo dos cientistas Fernando Bravo Almonacid e Alejandro Mentaberry, do Instituto de Engenharia Genética e Biotecnologia (INGEBI). A empresa que vai comercializar as sementes transgênicas é a Tecnoplant, subsidiária do grupo Sidus.

Na Argentina, o vírus é endêmico em todas as regiões produtoras de batata do País e o desenvolvimento da planta GM é exemplo de como a biotecnologia pode contribuir para encontrar soluções para os problemas locais. “No Brasil, o caso do feijão transgênico da Embrapa é análogo, já que é resistente a um vírus que ataca os vegetais e impede que a cultura do feijão seja viável em diversas regiões do País”, compara Adriana Brondani.