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Revisadas para baixo no auge da seca, em agosto, as projeções de produção de carnes nos Estados Unidos vêm sendo reajustadas para cima (veja tabela), o que indica que os altos preços da soja e do milho ainda não estão conseguindo racionar o consumo de grãos no país. Durante o roteiro que cumpriu pelo Meio-Oeste do país, a Expedição Safra Gazeta do Povo visitou produtores de suínos e fazendas de gado de corte e leite e conferiu que a oferta limitada devido à quebra da safra 2012/13 não intimida os pecuaristas norte-americanos. Pelo contrário.

Em Iowa, maior produtor de porcos do país, a equipe encontrou diversas unidades de criação de suínos em instalação. Em Wisconsin, um dos maiores celeiros de produção de leite, criadores procuram alimentos alternativos para substituir o milho na dieta do gado.

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"Em agosto, algumas vacas chegaram a ser mandadas para o abate, mas isso já não está mais ocorrendo", relata Dan Roe, produtor de grãos e dono de uma estrutura de recepção de grãos em Montecello (WI). Segundo ele, a determinação do pecuarista em manter o seu rebanho em épocas de oferta escassa tem, inclusive, dificultado o seu negócio. "Gente que entregava milho aqui agora está vendendo o grão úmido para o vizinho. E, como o rendimento por hectare caiu, a silagem tem consumido uma área três ou quatro vezes superior à habitual", calcula.

Mike Sulzer, de Monroe (WI), confirma o relato de Roe. "Geralmente consumo apenas uma parte do meu milho na fazenda, mas neste ano não vai sobrar muita coisa para vender, o que é um péssimo negócio com o bushel valendo mais de US$ 7", lamenta. A seca que reduziu em 20% o rendimento do cereal também tirou de Sulzer metade de sua produção de feno, obrigando-o a substituir o produto pelo milho. Como forma de tirar o maior proveito possível da safra mais curta, ele está soltando o gado nas áreas recém-colhidas para que os animais se alimentem da soca do milho e das plantas de soja que são deixadas para trás pela colheitadeira.

Sulzer não é o único produtor que está sendo obrigado a rever suas estratégias de comercialização por causa da seca. No Sudeste do estado de Illinois, em Shannon, Jon Rosentiel conta que a quebra na safra fez com que os contratos de venda antecipada acabassem consumindo uma maior parcela da produção de milho. "Na época do plantio comprometi o que pensava que seria 30% da produção. Mas com produtividades menores isso acabou virando 50% da safra. Agora estou tendo que comprar feno de vizinhos para alimentar o gado e poder honrar meus contratos de venda de milho", diz.

Gerente da Bocker Ruff Grain, uma estrutura de armazenagem e escoamento de grãos em Polo, Illinois, Paul Behrends afirma o reaquecimento da indústria de carnes o deixa preocupado com o futuro dos negócios. Especializada no envio de milho para o Texas, a empresa deve amargar um recuo de 30% na movimentação de grãos neste ano. "Os pecuaristas texanos estão consumindo mais milho local porque a safra de milho deles foi boa", conta. Considerado o que os norte-americanos chamam de ‘garden spot’, uma espécie de ilha de boa produção, Minnesota, estado localizado na porção norte do Corn Belt, também estaria abocanhando parte dos negócios de Behrends.

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