Após o início de safra chuvoso no Sul do país, os casos de ferrugem asiática – doença fúngica que ataca as plantas em condições úmidas –chegaram a 66, com aumento de 83% sobre o número desta época de 2014 (36), mostra o Sistema de Alerta coordenado pela Embrapa Soja.
O Sul lidera as ocorrências, com 29 no Rio Grande do Sul e 17 no Paraná, segundo o Consórcio Antiferrugem. Depois vêm São Paulo (10) e Mato Grosso (5). Os demais estados somam 5 casos.
“O El Nino tem maior média de chuvas na região Sul e isso favorece a ferrugem”, destacou a fitopatologista da Embrapa Soja, Cláudia Godoy, referindo-se ao fenômeno climático que ocorre com forte intensidade nesta temporada e tende elevar o volume de chuvas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e até sul de Mato Grosso do Sul e São Paulo.
O El Niño deverá fortalecer-se antes do fim do ano e tornar-se a mais forte já registrado, disse na segunda-feira a Organização Meteorológica Mundial, ligada à ONU. Segundo a Somar Meteorologia, a safra de grãos 2009/10 foi última safra sob influência de El Niño no Brasil. No início daquela temporada, entre junho e meados de novembro, o Consórcio Antiferrugem havia registrado 30 casos.
“Há tendência altíssima de ferrugem para toda esta temporada”, disse o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar, apontando bons volumes de chuva mesmo no período de colheita. Segundo a pesquisadora da Embrapa, o inverno com temperaturas mais amenas no Sul acabou não matando plantas de soja contaminadas remanescentes da safra 2014/15, o que ajudou a elevar as estatísticas. Foram registrados casos de ferrugem em julho e agosto, período que deveria ser de ausência total de soja nos campos, justamente por questões sanitárias.
Segundo a Embrapa Soja, o fungo causador da ferrugem asiática deverá estar bastante presentes nas áreas produtoras ao longo de toda a temporada. Como este ano há um atraso no plantio, pode haver casos em que áreas estarão sendo colhidas – operação que ajuda a espalhar o inóculo da ferrugem – ao lado de lavouras ainda em fases suscetíveis a prejuízos, facilitando a proliferação de casos.
“O produtor pode querer desviar para um produto mais barato, com menor poder de controle. Mas isso não pode acontecer, ele tem que usar o que há de melhor”, destacou o coordenador técnico da cooperativa Coopavel, da região Oeste do Paraná, Mário Lúcio Melo.
Deixe sua opinião