Nas últimas semanas, os problemas climáticos que atingem a Argentina roubaram a atenção do mercado financeiro mundial de soja. O país enfrenta chuvas em excesso em uma faixa da região da província de Santa Fé e secas em áreas mais ao sul de Buenos Aires. Com a expectativa de perdas na nação sul-americana, o mercado internacional se refletiu em fortes oscilações na Bolsa de Chicago (principal referência para a definição do preço da soja no mundo). O Bushel (unidade americana de medida da soja), que chegou a ser negociado abaixo dos US$ 10 dólares no início de janeiro, agora beira os US$ 10,75. E pode vir mais por aí.
A estimativa inicial do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) era que a Argentina teria potencial de 57 milhões de toneladas, em cerca de 19 milhões de hectares cultivados. Os problemas climáticos, segundo analistas ouvidos pelo Agronegócio Gazeta do Povo, devem levar à perda total em 100 mil hectares que foram completamente inundados. Outros 750 mil hectares têm potencial de estragos, causados tanto pela chuva demasiada quanto por estiagens.
Em jornais e revistas argentinas, os especialistas têm números muito diferentes sobre o que esses estragos podem causar em toneladas. As estimativas vão de 1 milhão de toneladas até 6 milhões de toneladas. “Eu acredito que vamos ter entre 2 e 3 milhões de toneladas de perdas”, diz Kelyngton Pessoa, operador de mercado agrícola na Granoeste. “Com essas perdas que foram registradas até agora, o mercado está mais ou menos precificado. Se o clima normalizar, o preço pode até ceder um pouco. Mas caso o tempo continue ruim, há espaço para romper a barreira dos US$ 10,75 por bushel”, completa.
O economista argentino Guillermo Rossi, da Big River Consultoria, relata que as áreas mais afetadas são pontos baixos na região central e ao sul de Santa Fé, Córdoba Leste, Entre Rios e no norte de Buenos Aires. “É evidente que a cultura já perdeu potencial, mas devemos ser muito cautelosos com números e evitar exagerar a situação, porque existem muitas outras áreas não inundadas onde o potencial de produção continua a ser muito elevado” ressalta. Segundo ele, o país espera colher entre 53 e 54 milhões de toneladas de soja. “Apenas uns poucos se atrevem a pensar em menos de 52 milhões de toneladas”, reforça.
Previsão do tempo
O agrometeorologista Luiz Renato Lazinski prevê que nos próximos dias a chuva diminui muito em toda uma faixa do sul da América do Sul, que abrange Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai. “Para a agricultura, no Rio Grande do Sul e na Argentina é bom que isso aconteça porque choveu demais. Mas passando mais 10 e 15 dias com o calor que está, não há como saber”, descreve. O que é certo é que o clima mais uma vez é quem vai definir o rumo dos preços nas próximas semanas.
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