Apesar de terem encerrado a temporada anterior com o maior volume de milho em estoque da última década, os Estados Unidos planejam incorporar mais de 2 milhões de hectares adicionais ao cultivo do cereal, que deve se estender por 37,88 milhões de hectares no país no ciclo 2016/17. O número, apresentado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) em seu relatório de intenção de plantio, surpreendeu o mercado – que esperava algo entre 36,02 milhões e 36,83 milhões de ha – e fez as cotações do produto mergulharem no terreno negativo na Bolsa de Chicago. Logo após a divulgação do documento, os principais contratos do cereal trabalhavam com baixas de dois dígitos, voltando a se aproximar da casa dos US$ 3,50 por bushel nos papéis com vencimento mais próximo.
Há seis meses o mercado do milho vem se sustentando acima desta barreira psicológica, que pode ser rompida ainda nesta seção. Números negativos para incentivar a derrocada não faltam. 6,4% maior do que no ano passado e superior ao projetado pelo próprio USDA no mês passado (36,42 milhões de ha), a área que os produtores norte-americanos pretender cultivar neste ano é a terceira maior extensão desde 1944. Na história recente do país, fica atrás apenas de 2013, ano em que cotações a US$ 8,50 em Chicago incentivaram investimentos recordes no cereal no país. Em alguns estados, contudo, o plantio de 2016 deve até superar o de três anos atrás. É o caso de Iowa, Illinois e Minnesota – primeiro, segundo e quarto estado nos ranking de produção norte-americano, respectivamente.
O incremento ocorre em um cenário inusitado, em que o país acumula estoques recordes. No início deste mês, quase 200 milhões de toneladas do cereal ainda lotavam os armazéns norte-americanos (veja tabela abaixo), sendo que mais da metade deste volume ainda estava dentro das fazendas, segundo o USDA. O número apontado pelo órgão veio ligeiramente abaixo do esperado pelo mercado, mas a diferença não foi grande o suficiente para limitar baixas nas cotações.
Soja
No pit da soja, a reação inicial aos números do USDA foi negativa. As cotações passaram a subir momentaneamente, mas não sustentaram os ganhos e logo voltaram a opera no vermelho, ainda que com perdas bem mais suaves que as observadas no milho. A marca dos US$ 9 por bushel, perdida em agosto do ano passado e retomada na semana passada, continua sendo sustentada em todos os vencimentos.
No caso da oleaginosa, o mercado reflete, principalmente, os dados de estoques, que apesar de terem vindo um pouco abaixo do que os investidores esperavam, ainda representam um dos maiores volumes para o período nos últimos anos. Nas contas do USDA, os silos e armazéns norte-americanos guardavam pouco mais de 40 milhões de toneladas do grão no dia 1º de maio, 15% mais do que nesta mesma época do ano passado.
A estimativa de plantio, que dividiam as opiniões dos traders, não trouxe grandes surpresas. Os 33,28 milhões de hectares apresentados pelo USDA no relatório desta quinta-feira vieram abaixo da média das expectativas do mercado (33,59 milhões de ha), mas em linha com a projeção feita pelo órgão um mês atrás durante o Agricultural Outlook Forum (33,39 milhões de ha). Na comparação com o ano anterior, representa uma leve redução de 0,5% no cultivo. Dos 31 estados que mais plantam soja nos EUA, 23 devem manter ou recuar a extensão destinada à oleaginosa.
Confira nas tabelas abaixo os ajustes realizados pelo USDA:
Mais informações em instantes.
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode
Deixe sua opinião