Termina nesta quinta-feira (24) o Seminário Internacional “10 anos dos Transgênicos no Brasil.” Realizado em Curitiba, pela Organização não governamental (Ong) Terra de Direitos, o evento reuniu durante quatro dias um grupo de pesquisadores, agricultores e técnicos que se opõem a utilização de organismos geneticamente modificados na agricultura.
Os temas debatidos incluíram a fiscalização e controle no uso de transgênicos, possíveis efeitos para os consumidores e sua adoção em escala global. O período de uma década leva em conta a primeira liberação governamental para a comercialização de grãos produzidos com essa tecnologia. A autorização foi concedida em 2003, por meio de Medida Provisória, após pressão de agricultores que fizeram o plantio ilegalmente, utilizando sementes contrabandeadas da Argentina.
As discussões também foram monitoradas por empresas multinacionais que atuam no setor e enviaram representantes ao evento. A atuação desses grupos foi um dos alvos das críticas dos palestrantes. Para Anderson Munarini, integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), há forte pressão comercial para uso dos transgênicos, limitando inclusive o interesse pelo cultivo de sementes convencionais. “Há uma desinformação muito grande entre os produtores”, avalia.
Para o professor e pesquisador Antônio Inácio Andrioli faltam avaliações científicas mais detalhadas sobre os efeitos que o uso de transgênicos podem gerar. “No Brasil acredita demasiadamente no potencial benéfico desta tecnologia sem que se entenda que ela pode gerar prejuízos”, aponta.
O viés do consumidor também integrou as discussões. João Amaral, representante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) destacou que o órgão pretende ampliar as discussões sobre o tema. Ele destaca que um dos pleitos atuais é ampliar o detalhamento em rótulos de produtos feitos a base de produtos transgênicos. Atualmente, uma marcação com a letra “T” é utilizada nas embalagens para fazer a identificação.
Apesar das críticas, no campo o cenário é de ampla aceitação dessa tecnologia. Existem 36 variedades geneticamente modificadas com liberação para plantio comercial no Brasil, conforme a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (Ctnbio). Na última safra o cultivo de soja com essa tecnologia ocupou 87% da área brasileira, o que equivale a 27,5 milhões de hectares, conforme levantamento da Expedição Safra Gazeta do Povo.
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