Uma mudança de rumo na composição do congresso americano nas eleições desta semana pode reverberar nas fazendas de criação de suínos e lavouras de soja do país. Em pauta na votação desta terça-feira (6) estão em jogo a guerra comercial do presidente Donald Trump contra a China bem como os programas de direitos civis.
A segunda maior economia do mundo tarifou os produtos agrícolas dos EUA, incluindo a carne suína e a soja. Isso fez com que Trump prometesse US$ 12 bilhões em assistência aos agricultores. Internamente, os programas de auxílio agrícola começam a expirar em 30 de setembro do ano que vem e o Congresso ainda não aprovou a nova lei orçamentária.
Trump e a câmara baixa do país - equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil -, liderada pelos republicanos, defenderam uma nova política de auxílio alimentação para a população mais pobre. Um projeto de lei na câmara foi aprovado em junho, sem nenhum voto democrata. A versão do Senado, também aprovada em junho, não inclui as regras. A legislação agrícola é uma forma tradicional de modificar o Programa de Assistência Nutricional Suplementar, mais conhecido como vale-refeição.
Mudanças em qualquer uma das câmaras pode significar um escrutínio maior da forma com Trump está lidando com questões ligadas à agricultura, como orçamentos para o setor e a guerra comercial, conforme explica o diretor do Programa de Políticas Agrícolas Gardner, Jonathan Coppess, ligado à Universidade de Illinois em Urbana-Champaign.
Imagina-se que um senado controlado pelos democratas estaria “mais disposto a enfrentar o presidente”, diz Comppess. “A principal questão seria comercial. Um Congresso menos alinhado com o presidente teria mais freios e contrapesos?”. O fato é que Trump invocou questões da segurança nacional para justificar as tarifas e uma mudança no Congresso pode aumentar o escrutínio sobre a Casa Branca, segundo o diretor.
Restrição aos auxílios
O senador republicano Chuck Grassley, de Iowa, disse em entrevista coletiva que o Senado pode não obter os votos para aprovar uma lei orçamentária mais restritiva em relação ao auxílio, o que é endossado por Trump. Um Congresso mais democrata não daria suporte a essas mudanças também, e isso pode significar que a versão de 2014 da lei seria estendida para 2019.
Em discurso no dia 24 de outubro em Champaign, Illinois, com o republicano Rodney Davis, o Secretário de Agricultura Sonny Perdue disse que há muita coisa em jogo para os fazendeiros nas próximas eleições. Perdue lembrou de observações feitas por Davis anteriormente durante um fórum com fazendeiros sobre reduzir os vales-alimentação, trocando-os por capacitação profissional. O secretário disse que enxugar os recursos faria as pessoas menos dependentes de ajuda do governo.
“O orçamento agrícola é crítico e não sabemos o que irá acontecer. Vamos estar do lado da agricultura produtiva, de qualquer forma”, disse Perdue.
Leon Corzine, da quinta geração de agricultores de Assumption, Illinois, que planta milho, soja e cria gado Angus com o filho, diz que a lei orçamentária agrícola parece estar no limbo e que está atrapalhando o planejamento das operações para 2019.
A lei afeta tudo, da gestão de risco da safra, financiamentos para programas de conservação e pesquisas de mercado, segundo Corzine. “Está virando um peão que vai e volta dentro do processo político e isso é lamentável. É injusto”, lamenta o agricultor.
O caos se instalou, Lula finge não ter culpa e o Congresso se omite
Câmara aprova PEC do pacote fiscal que restringe abono salarial
Manobra de Mendonça e voto de Barroso freiam Alexandre de Moraes e Flavio Dino; assista ao Sem Rodeios
Lula encerra segundo ano de governo com queda de 16% na avaliação positiva do trabalho