Tanto no Brasil como nos Estados Unidos, a produção de soja fica entre 88 e 90 milhões de toneladas nesta temporada. As exportações concentram-se num intervalo de cinco meses após o início da colheita de cada país, impulsionadas pelas compras chinesas. E, nos meses de pico, embarca-se até 8 milhões de toneladas. As semelhanças, entretanto, excluem o sistema logístico. Um abismo separa os dois países quando o assunto é infraestrutura e fluxo de cargas, detalha um estudo da economista Natália Orlovicin, da FCStone.

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O documento mostra que um longo caminho terá de ser percorrido pelo agronegócio brasileiro para se vencer a desconfiança do mercado internacional de que o país perpetua o risco de descumprimento de prazos. “As semelhanças entre Brasil e Estados Unidos foram meu ponto de partida. Eu busquei entender porque nossa situação mostra-se caótica, sendo que no fim das contas os portos brasileiros e norte-americanos escoam praticamente os mesmos volumes de soja”, relata a analista.

“A situação nos portos brasileiros é agravada por problemas anteriores [à chegada da soja nos terminais marítimos]”, aponta. “Minha tese é que os portos acabam levando a fama de falta de capacidade, de infraestrutura..., mas que eles somam todos os problemas anteriores, além dos próprios.”

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Os problemas brasileiros começam nas fazendas. Em “Os problemas da logística de escoamento da soja no Brasil”, Natália mostra que o Brasil tem 15% de seus armazéns nas unidades de cultivo, enquanto os EUA possuem 46%. A capacidade estática dos silos no Brasil corresponde a somente 2/3 da produção.

Outra questão decisiva é o fato de o Brasil depender de rodovias para 60% do transporte da colheita, enquanto nos EUA o fluxo é 61% por hidrovias. Os investimentos em rodovias, ferrovias e hidrovias no Brasil devem reduzir custos e são “um bom começo para uma mudança de paradigma na logística brasileira”, avalia a economista. A ampliação da capacidade de armazenagem e da estrutura dos portos prometem avanço no longo prazo, acrescenta.