A escassez de oferta e sobrevalorização da soja, cenário enfrentado pelaindústria brasileira no ano passado, se concretiza agora nos Estados Unidos.Depois de perderem volume equivalente à produção paraguaia da oleaginosa em 2012/13 – foram quase 10 milhões de toneladas –, os norte-americanos passam por um período crítico. Num momento de estoques apertados, a saca de 60 quilos de soja vale entre R$ 81 e R$ 87 no mercado interno, conforme analistas consultados pelo site AgroGP. Diante de um apetite crescente pela soja, resta ao país importar o produto.
A consultoria alemã Oil World estimou nesta terça-feira (18) que os EstadosUnidos devem comprar até 150 mil toneladas do grão somente no mês de julho. Atéo final deste mês, as importações devem ficar entre 80 mil e 100 mil toneladas. Issodeve dar oportunidade de o Brasil exportar mais o grão para o país do HemisférioNorte. “A soja do Brasil está mais barata do que no mercado interno dos EstadosUnidos”, argumenta o consultor da Intl FCStone, Glauco Monte. “O prêmio [deexportação] negativo [no Porto de Paranaguá] é um sinal disso, o que nos dácompetitividade. E temos oferta”, acrescenta o analista de mercado da InformaEconomics FNP, Aedson Pereira.
O câmbio, que segue acima de R$ 2, também favorece as exportações brasileiras, pois assim os compradores conseguem comprar “mais toneladas com menos moeda”, diz Pereira.
Com base em cálculos realizados por analistas, a diferença entre buscar a soja noBrasil e nos EUA fica em torno de R$ 6 e R$ 7 por saca.
PotencialO ano corrente é considerando um ponto fora da curva pelos analistas, ou seja, a partir do momento em que os Estados Unidos iniciarem recuperação dos estoques internos, as importações de soja tendem a voltar a patamares históricos. De acordo com projeção do Departamento de Agricultura do país (Usda), 680 mil toneladas da oleaginosa devem ser adquiridas de outras nações produtoras. Analistas acreditam, contudo, que as compras devem ser maiores e superar as 800 mil toneladas, um recorde.
Somente de setembro de 2012 a abril deste ano, os norte-americanos importaram pouco mais de 300 mil toneladas. Até maio, o Brasil enviou 28,5 mil toneladas do grão para o seu maior concorrente no mercado internacional. Praticamente todo esse volume saiu do país pelo porto de Ilhéus, na Bahia.
Colaborou Luana Gomes, do www.agrogp.com.br