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Em ano de El Niño, incidência do fungo da ferrugem asiática aumenta em função do calor e da umidade. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Em ano de El Niño, incidência do fungo da ferrugem asiática aumenta em função do calor e da umidade.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Em busca de uma maior segurança das lavouras do Paraná, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), órgão ligado a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), proibiu o plantio de soja safrinha a partir da temporada 2016/17. A Portaria nº 193, publicada no último dia 6, estabelece o período de semeadura e colheita da oleaginosa no estado. Medida semelhante já está em vigência em Mato Grosso e Goiás.

A partir da safra 2016/17 está proibido o plantio de soja sobre lavouras de soja recém colhidas. O novo calendário estabelece o período de semeadura entre 16 de setembro e 31 de dezembro, enquanto o prazo para colheita e/ou interrupção do ciclo será 15 de maio, quando todas as áreas precisam estar colhidas e/ou as plantas dessecadas. Desta data até 15 de setembro ocorre o vazio sanitário, período de ausência de plantas vivas nas lavouras.

“Definimos um calendário que inviabiliza a soja safrinha. A intenção é manter o plantio concentrado em uma mesma época, reduzindo a possibilidade da ferrugem asiática”, explica Inácio Kroetz.

Ainda segundo o executivo, a medida busca também reduzir a resistência do fungo aos fungicidas. “Quando começou o episódio da ferrugem asiática no Brasil (na safra 2000/01), os produtos tinham efeito sobre o fungo. Mas perderam eficácia. Então, reduzindo o período de plantas vivas no campo, reduz o uso de agrotóxico, que ficará mais eficiente nos próximos anos”, ressalta Kroetz.

Consenso

A possibilidade de proibir a semeadura da soja safrinha já estava em discussão há alguns meses, inclusive com reuniões dos técnicos da Adapar e outras entidades do agronegócio paranaense com produtores de diversas regiões do estado. No dia 29 de setembro foi realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa, quando representantes do Sudoeste solicitaram que a entrada em vigor das novas determinações fossem prorrogadas para dar tempo aos agricultores estudarem novas opções de culturas no período destinado à segunda safra de soja. Na oportunidade, o pedido foi negado em função da urgência da situação.

“[Os produtores] aceitaram numa boa, pois é uma recomendação do setor produtivo que a soja não seja plantada em períodos prolongados. Não podemos arriscar um negócio tão grande por falta de manejo correto”, afirma o presidente da Adapar.

De acordo com dados da Seab, a atividade estava ganhando espaço no Paraná nos últimos anos. Na última temporada, a área com a cultura ocupou 132 mil hectares, 21% maior em relação a safra anterior. Em 2007/08, o terreno dedicado ao grão era de apenas 47 mil hectares. No Brasil, a estimativa é de que a soja safrinha ocupe cerca de 750 mil hectares.

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