Em 4 mil quilômetros de estrada do Paraná ao Rio Grande do Sul, técnicos e jornalistas da Expedição Safra Gazeta do Povo apuraram que ainda não há quebra severa em nenhuma região produtora de grãos por falta de água. Pelo contrário, a regra são campos com vigor, que resistem a até três semanas de sol forte, no segundo veranico da safra. Mas as previsões de quebra se tornaram comuns, contando com falta de chuva nos próximos dias.
Avaliações de peso, como as do secretário da Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, e a do presidente da Coamo (maior cooperativa da América Latina, com sede em Campo Mourão, Centro-Oeste do estado, que recebe 5% da safra nacional de soja), Aroldo Gallassini, dão gravidade ao quadro. Eles consideram que o potencial das lavouras foi afetado e que as marcas, em queda dia após dia, terão de ser revisadas.
“Os municípios do Oeste e do Centro-Oeste foram os mais prejudicados pelas três semanas secas de dezembro. Agora o problema afeta as regiões do Centro do Paraná para o Sul, que estão com as lavouras em enchimento de grãos”, avalia o agrônomo da Coamo Alex Carlis. Muitos produtores que esperavam aumento na produtividade podem ter resultado igual ou menor do que na safra passada, considera. Em relação ao potencial, o recuo pode chegar a 10 sacas por hectare, ou 20%.
As chuvas escassas e irregulares afetam também parte da zona de produção de sementes de Santa Catarina, que vai abastecer estados vizinhos na próxima temporada. Os dois polos sementeiros catarinenses — o que abrange Xanxerê e Abelardo Luz (no Oeste) e o de Campos Novos (no Centro do estado) — enfrentam escassez de água.
Com duas chuvas fracas em 15 dias, a região central do estado leva vantagem, mas ainda depende de um mês e meio de clima normal. A saída é torcer para que a lavoura seja privilegiada pelas precipitações, conta Marcelo Cambrussi, que planta 430 hectares de soja e 70 hectares de milho em Bom Jesus (Oeste).
No Rio Grande do Sul, a colheita começa pelo milho com quebras mais a Noroeste, mas previsão é de aumento nas médias, aponta o agrônomo Paulo Silva, da Emater. Ele calcula que a região de Erechim, mais ao centro, vai avançar de 5,7 mil para 7,2 mil quilos por hectare. Na soja, essa região espera 3,3 mil quilos por hectare. Uma expectativa que também não se confirma nas regiões mais secas. “O clima vai dizer o que vem pela frente”, aponta o especialista.
Expedição Safra segue para o Uruguai
Depois de percorrer seis estados brasileiros, incluindo os quatro maiores produtores de soja e milho, a Expedição Safra Gazeta do Povo segue nesta semana para seu primeiro destino inédito da temporada 2013/14: o Uruguai. O país faz parte do roteiro da equipe de técnicos e jornalistas que está no Sul do país. Com mais 1 milhão de hectares plantados com soja, os produtores uruguaios pretendem colher 3 milhões de toneladas do produto neste ano. Mas, assim como o Brasil e a Argentina, temem que o clima seco comprometa o potencial produtivo.
O Uruguai é o 13º país visitado pela Expedição Safra, que nos últimos anos realizou incursões extraordinárias na China, Índia, cinco países da Europa e neste ano desembarca pela primeira vez no continente africano, onde serão visitados ao menos três países.
Acompanhe a viagem dos técnicos e jornalistas em tempo real pelo site www.agrogp.com.br e às terças-feiras, no caderno Agronegócio da Gazeta do Povo.