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Pouco mais de seis meses depois de terem concluído a colheita de sua terceira maior safra da história, os Estados Unidos já estão praticamente sem soja. Faltando cinco meses para o encerramento da temporada, ao menos 60 das quase 90 milhões de toneladas que foram produzidas no país já foram consumidas e, segundo analistas, as reservas norte-americanas da oleaginosa devem ser esgotadas até o final do próximo mês.

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É isso que deve mostrar o relatório trimestral de estoques físicos que o Usda, o departamento de Agricultura do país, divulga amanhã. O documento, atualizado a cada três meses pelo órgão, funciona como uma espécie de termômetro do consumo de grãos nos EUA. Na última edição, de dezembro, o USDA apontou estoques de 53,5 milhões de toneladas de soja – número que deve ser reduzido a 26,9 milhões de toneladas amanhã, segundo os especialistas. Segundo eles, esse volume – equivalente a apenas 30% do consumo, a menor relação já registrada em um mês de março desde 1965 – seria insuficiente para abastecer o mercado norte-americano até o final da temporada 2013/14.

A expectativa de redução drástica nas sobras tem sustentado os preços da soja em patamares elevados na Bolsa de Chicago. No segundo maior rali de início de ano desde 2005, as cotações da oleaginosa deram um salto de 9% em 2014, para fechar em US$ 14,3650/bushel na sexta-feira, depois de ter atingido o pico de US$ 14,60 dólares no início do mês. “A soja pode chegar a US$ 16 até julho, quando estaremos com estoques virtualmente zerados e o mercado estará disputando até o último bushel”, disse Randy Mittelstaedt, diretor de pesquisa da R.J. O’Brien & Associates, à Bloomberg. Mas o rali pode ter vida curta, alerta o analista.

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Com as exportações evoluindo em ritmo inconsistente com a situação atual de oferta, é quase certo que haverá cancelamento de compras, afirmam especialistas. Desde 1° de setembro de 2013, quando teve início a atual temporada norte-americana, 39,7 milhões de toneladas de soja já deixaram os portos do país – 22% do registrado nesta mesma época do ano passado e quase o total previsto pelo Usda para os 12 meses de safra (41,64 milhões de toneladas). Além do volume que já foi efetivamente embarcado, os EUA acertaram a venda de outras 4,7 milhões de toneladas, o que elevaria as exportações norte-americanas para 44,4 milhões de toneladas. Para cumprir estes contratos, contudo, os EUA teriam que importar soja para abastecer o mercado interno.

 

Enquanto os chamados I-States (Iowa, Illinois e Indiana), o coração do cinturão de produção de grãos dos EUA, os produtores se mostram resistentes em “abandonar” o milho, a região do Delta do Mississippi, mais ao Sul, deve priorizar a soja e as Dakotas tendem a retornar ao trigo. Nos estados do Norte, o inverno rigoroso promete um plantio mais tardio, o que favorece a soja. Importante polo leiteiro, o Leste do Corn Belt pretende manter as apostas no milho, se o clima permitir. Já no Oeste, poucas alterações são esperadas, mas os produtores esperam contar com o retorno das chuvas para manter os planos.