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Soja brasileira fatura mais dólares que petróleo e indústria automobilística juntos

As exportações do grão deverão superar os 76 milhões de toneladas no período. | JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO
As exportações do grão deverão superar os 76 milhões de toneladas no período. (Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO)

A soja continua dando um forte impulso às contas do país. As receitas externas vindas do complexo soja, que incluem as exportações de soja em grão, farelo e óleo, deverão beirar o recorde US$ 38 bilhões (R$ 158 bilhões) neste ano. Até agosto, já somam US$ 32 bilhões (R$ 157,2 bilhões), conforme os dados mais recentes da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume das receitas externas da oleaginosa e derivados é maior que o trazido pelo petróleo (US$ 15,5 bi) e pela indústria de automóveis (US$ 11 bi), somados.

O país foi beneficiado neste ano pela desvalorização do real, pelo volume disponível para as vendas eternas e pela preferência chinesa pelo produto brasileiro. O apetite chinês colocou a commodity nacional com um ágio em relação aos preços praticados em Chicago.

Os brasileiros foram beneficiados até no farelo, um produto derivado da soja e que o Brasil não é tão competitivo como a Argentina. Fortes nas exportações de farelo, os argentinos tiveram uma quebra de 20 milhões de toneladas na produção de soja deste ano. Faltou matéria-prima para a produção do farelo.

Nos oito primeiros meses deste, o Brasil já exportou 65 milhões de toneladas de soja e 12 milhões de farelo. Pelo menos 78% das exportações brasileiras do grão foram para o país asiático.

O favoritismo brasileiro, principalmente no mercado chinês, deverá se acentuar enquanto durar a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Líderes em produção mundial, os americanos ocupam a segunda posição em exportações.

Se o Brasil ganha na China, poderá ter participação menor em outros países, uma vez que as estimativas de safra nos Estados Unidos de algumas consultorias já indicam um volume recorde próximo de 130 milhões de toneladas.

Os números oficiais do Departamento e Agricultura dos Estados Unidos (USDA) ainda apontam 124,5 milhões de toneladas. Esse conjunto de fatores a favor do Brasil fez com que, mesmo com queda dos preços internacionais, a soja trouxesse receitas líquidas para os produtores brasileiros.

Em julho do ano passado, o primeiro contrato de soja era negociado a US$ 367 (R$ 1.523) por tonelada em Chicago. No mesmo mês deste ano, esteve em US$ 313 (R$ 1.299), conforme dados da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Em relatório desta quarta-feira (5), a associação das indústrias apontou receitas totais de US$ 38 bilhões (R$ 158 bilhões) para o complexo soja em 2018. As exportações do grão deverão superar os 76 milhões de toneladas no período.

Diante desse cenário de liquidez, e apesar do aumento de custos de produção e do frete, os produtores vão continuar apostando nessa commodity. Nos cálculos da consultoria Céleres, o Brasil deverá expandir a área de plantio com a oleaginosa em 1,1 milhão de hectares, para o recorde de 36 milhões na afra 2018/19.

A produção, mantido o mesmo cenário de produtividade dos últimos 15 anos, sobe para 120 milhões de toneladas.

A rentabilidade obtida em 2017/18, a safra que se encerrou, e perspectiva favorável para as margens em 2018/19, a safra que terá início de plantio nas próximas semanas, levam os produtores para essa expansão, segundo os analistas da Céleres.

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