Quase 31% do território da cidade de Londrina, no Norte do Paraná, é coberto por lavouras de soja. Os 510 quilômetros quadrados dedicados à cultura se mantêm praticamente estáveis há pouco mais de quatro anos, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seba). “Em 2012,foi aprovada a Lei de Zoneamento Urbano que integrou à zona urbana áreas até então consideradas rurais. Mas acredito que é um processo natural dos grandes centros em que a cidade acaba invadindo o campo”, observa o engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, Osvaldo Campos Júnior.
Curitiba e região metropolitana também vivem ‘invasão’
Com expectativa de colher 18 milhões de toneladas de soja na safra atual, o Paraná está na segunda colocação no ranking nacional de produção da oleaginosa. No entanto, 98% deste montante vem do interior do Estado. Curitiba e as cidades da região metropolitana colaboram com apenas 400 mil toneladas, mas isso não impede que as lavouras estejam presentes na paisagem urbana.
Em Santa Felicidade, bairro da região Noroeste da capital do Paraná, não é difícil encontrar pequenas lavouras de soja dividindo espaço com condomínios horizontais, escolas e comércio. Na Região Metropolitana também não é diferente. Em Campo Largo e Campo Magro, as lavouras também estão dentro de bairros residenciais e no Centro das cidades. Confira as imagens na galeria.
As áreas de cultivo de soja circundam toda a cidade de Londrina. No entanto, é na região sul – considerada a área nobre da cidade – que as lavouras resistem em meio ao comércio, prédios e condomínio horizontais. “São áreas que estão com a família desses proprietários há muito tempo. Como a cultura continua dando retorno satisfatório, eles continuam produzindo. Mas é natural que com a especulação imobiliária, essas áreas se tornem cada vez mais raras”, acredita o agrônomo. Atualmente, a saca de 60 kg de soja está cotada a R$ 65 reais na praça.
O presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinatti, concorda. “A tendência é que essas áreas de produção de soja dentro da cidade sejam extintas nos próximos anos. Além do avanço dos condomínios, a população tende a cobrar esses produtores também ”.
Osvaldo Campos Júnior explica que em regiões como a área localizada na Avenida Madre Leônia Milito, na Gleba Palhano, de alta densidade demográfica, o produtor deve atender às normas aplicáveis às demais áreas urbanas. “Existe uma série de restrições no uso de produtos que deve ser respeitada”.
De acordo com o setor de pesquisa da Embrapa Soja, não existem diferenças significativas na produção por conta da localização da área de plantio. Por meio da assessoria de imprensa, os pesquisadores afirmam que por receber luz constante de postes de iluminação, a planta pode apresentar folhagem mais amarelada nas bordas, mas que isso não altera o resultado final da produção.
Independentemente de estarem próximos ou mais distantes do centro, os produtores londrinenses só têm motivos para comemorar. Assim como em outras regiões do estado, o Norte Pioneiro comemora os bons resultados da safra 2016/2017. Se no ano passado o município colheu 114,1 mil toneladas de soja, neste ano, até o momento, o potencial produtivo saltou para 163 mil toneladas, um crescimento de 42,9%, segundo o Deral. “O produtor está muito satisfeito com o resultado. Há quem tenha colhido 50 sacas/hectare no ano passado e neste ano está colhendo 82 sc/ha”, afirma o presidente do Sindicato Rural.
Segundo ele, apesar do resultado, considerado bom, os produtores ainda têm a expectativa de mais retorno até o balanço final da safra. Isso porque há a esperança de que o dólar volte a ter uma alta nos próximos dias. “Por conta da chuva dessas últimas semanas, estamos atrasados com a colheita aqui. Isso quer dizer que cerca de 70% da produção da nossa região ainda não foi comercializada. A expectativa é que as variáveis econômicas nos ajudem ainda mais a comemorar o resultado desta safra”, afirma Pissinatti.
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