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Armazéns com estrutura para segregação permitem crescimento de lavouras não transgênicas, conta o produtor Roque Sartori | Jonathan Campos/gazeta Do Povo
Armazéns com estrutura para segregação permitem crescimento de lavouras não transgênicas, conta o produtor Roque Sartori| Foto: Jonathan Campos/gazeta Do Povo

Novo corte na produção de soja convencional fez o bônus pago por saca de grão segregado chegar a R$ 7 no Paraná, apurou a Expedição Safra. O prêmio alcançava R$ 5 na safra passada e teve novo reajuste após a confirmação de contratos de exportação para a Europa, apontou o agrônomo Alex Carlis, supervisor do Departamento Técnico da cooperativa Coamo.

Conforme as estimativas das maiores cooperativas do Paraná e os levantamentos regionais do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o estado reduziu a área da soja convencional a cerca de 5% das lavouras. Boa parte dessa fatia é vendida como soja geneticamente modificada, sem passar por segregação.

Além disso, nesta temporada, foi a primeira vez que o plantio de sementes transgênicas RR1 – tolerantes a glifosato e cultivadas comercialmente há sete safras – dispensou o pagamento de royalty de cerca de R$ 22 por hectare. Em outra frente, a soja transgênica Intacta RR2 PRO – tolerante ao herbicida e resistente a insetos – estreou comercialmente nesta temporada, ao custo de R$ 115 por hectare.

Tiro certeiro

O reajuste no preço da soja convencional anima produtores da região de Palotina (Oeste do Paraná) que investiram em estrutura de segregação. Com 3,6 mil hectares dedicados à oleaginosa, um grupo de sete agricultores do município reservou um terço da área para sementes não modificadas. Isso depois de investir R$ 7 milhões num condomínio com capacidade para 13,8 mil toneladas de grãos e três moegas, uma delas reservada à soja não transgênica. O bônus de R$ 7 por saca indica que o projeto acertou em cheio, aponta o gerente da unidade armazenadora, João Werle. Ele prevê também economia no escoamento da produção transgênica.

O bônus à soja convencional representa incremento de 10% a 15% na renda dos produtores. É como se a fazenda que rende 50 sacas por hectare colhesse de cinco a sete sacas extras. Na renda bruta, a vantagem passa de R$ 300 por hectare. Os custos, segundo os produtores, são praticamente os mesmos dos registrados no cultivo de soja transgênica.

“O bônus surpreendeu neste ano. Não quer dizer que vai ser assim sempre”, pondera o produtor Roque Sartori, que integra o condomínio de armazenagem mas só plantou soja transgênica. “No ano que vem, se a tendência for essa, vou plantar convencional.”

Segundo informações da Embrapa, que mantém oferta de semente convencional com produtividade comparada à das opções transgênicas, não houve falta do produto no plantio de 2013/14. As regiões que plantam sementes (que serão cultivadas em 2014/15) também não contam com salto na área de soja convencional na próxima temporada. Pelo contrário, a soja que mais ganha área é a Intacta RR2 PRO, que promete a supressão da lagarta Helicoverpa armigera. Na região sementeira da Copercampos (Campos Novos, SC), por exemplo, a previsão é que a nova tecnologia passe de 15% para 80% das lavouras.

R$ 300 a mais por hectare são arrecadados pelos produtores de soja convencional nesta temporada.

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