Os preços internacionais da soja avançaram para o maior nível em 10 meses depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) anunciou, no início desta tarde, um corte maior que o esperado em sua estimativa para os estoques norte-americanos na temporada 2013/14. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, o órgão projetou as reservas no final de agosto em 3,67 milhões de toneladas, abaixo das 3,95 milhões de toneladas estimadas há um mês e das 3,84 milhões de toneladas de um ano atrás. Analistas esperavam 3,8 milhões de toneladas.
O corte nos estoques de passagem norte-americanos veio na esteira de um forte incremento na estimativa de exportação de soja dos EUA, agora projetadas pelo USDA em recordes 43 milhões de toneladas – 1,36 milhão de toneladas acima do calculado pelo órgão em março e 7 milhões de toneladas superior ao volume embarcado na temporada passada. O reajuste superou com folga o corte de 0,3% na projeção de esmagamento (para 45,86 milhões de toneladas) e o aumento de 86% na estimativa de importação (para 1,77 milhão de toneladas).
“O suprimento de soja vai ser apertado, o que aumenta a importância de produzir uma grande safra neste ano”, disse à agência Bloomberg o analista -chefe da Northstar Commodity Investment Co. Mark Schultz. “O mercado vai continuar a subir até que novas cargas de soja cheguem aos EUA.”
Logo após a divulgação do relatório, o maio/14 da oleaginosa atingiu o pico de US$ 15,12 por bushel na Bolsa de Chicago, o mais alto patamar desde o dia 6 de junho. Há pouco, registrava valorização de 13,50 pontos, cotado a US$ 14,9575/bushel (27,2 quilos). O milho acompanhou o movimento e respondeu com altas ao relatório, com o maio/14 batendo em US$ 5,19 por bushel, o melhor preço desde 12 de julho, logo após a divulgação do documento. Na sequencia, contudo, o mercado do cereal inverteu a mão e, há pouco, operava com desvalorização nos principais vencimentos, com o primeiro contrato trocando de mãos a US$ 5,0375/bushel (25,4 quilos), em queda de 3,25 pontos.
Assim como na soja, o USDA reduziu sua estimativa para os estoques de milho mais do que os analistas previram. O corte também foi puxando por um reajuste positivo nas exportações. As reservas norte-americanas do cereal em 31 de agosto foram calculadas pelo órgão em 33,81 milhões de toneladas, abaixo das 37 milhões de toneladas previstas em março e das 35,66 milhões de toneladas esperadas pelo mercado. As exportações serão projetadas em 44,45 milhões de toneladas – 3,2 milhões de toneladas acima do calculado há um mês e mais que o dobro do volume exportado no ciclo anterior (20,85 milhões de toneladas).
Mundo
No quadro mundial, a safra brasileira de soja foi reajustada de 88,5 milhões de toneladas para 87,5 milhões de toneladas, em linha com a estimativa do mercado, de 87,43 milhões de toneladas. A produção de milho do Brasil, que em março era calculada em 70 milhões de toneladas, foi elevada a 72 milhões de toneladas. As projeções para a Argentina mantiveram-se estáveis em 54 milhões e 24 milhões de toneladas, respectivamente. Também não houve alteração nas importações chinesas, que permaneceram estimadas em, respectivamente, 69 milhões e 5 milhões de toneladas.
Os quadros de oferta e demanda para 2014/14 nos EUA e no mundo serão anunciados no relatório do mês que vem.